Para a França, o ano 1998 foi um ano de vitória ao eliminar o Brasil na final da Copa do Mundo do Futebol. Certamente foi um triunfo vencer o gigante. Alguns dizem que foi “armação” pois foi possível “perceber” algo durante o jogo enquanto outros simplesmente supõem que houve uma “manipulação”. O fato é que para nós brasileiros, foi “frustração” e “decepção”. Aquela noite fria de inverno, congelou o nosso grito de vitória que ficou entalado na garganta. Não é bom nem lembrar.
Para mim, 1998 foi um ano de conquistas e sucesso. Comprei o meu primeiro computador zerinho e o meu primeiro carro usado. A facilidade de ir de um evento a outro, entre as cidades do Sul de SC e Norte do RS, colaborou para que meu trabalho ganhasse mais qualidade e conquistasse mais leitores e clientes. Não somente construí novas conexões como também conquistei novas amizades que duram até hoje, apesar do tempo e da distância. Posso confessar, que na época que deixei o país, eu não tinha certeza quem eram meus amigos verdadeiros ou amigos da “Claudete Matos”. Aprendi com o tempo que uma amizade é verdadeira quando nem o tempo, nem distância e nem circunstância conseguem separar. Não demorei muito para aprender a classificar tais amigos.
As idas e vindas na BR 101 eram super rápidas e às vezes assustadoras. Eram muitos eventos para cobrir e muitas vezes eu precisava de um certo jogo de cintura para equilibrar a agenda e a demanda de trabalhos que surgiam. Pouco tempo sobrava para o meu próprio bem-estar.
Quisera ter aprendido naquela época a apreciar melhor o tempo com os amigos. Quisera ter entendido melhor o valor de ouvir ao invés de falar, escutar ao invés de tentar entender e simplesmente calar-se ao invés de responder. Demorei a entender o porquê tinha dois ouvidos e uma boca. A maioria das pessoas leva a vida inteira e não entende isso. Já imaginou ter duas bocas e uma orelha? Pare e analise por um minuto. Olhe-se no espelho. O que vê? Quer que os outros lhe entendam? Já parou para entendê-los? É tão fácil julgar o outro, não é? Percepções e suposições! Dois grandes erros que cometemos constantemente.
Vamos fazer uma viagem? Eu dirijo! Imagine que estejamos no trânsito, seguindo do Ponto A ao B. Olhe para a sua direita e analise a imagem que vê. Por exemplo, observe uma casa nas proximidades da rodovia. Tem alguém dentro dela? Talvez você não consiga ver, mas lembre-se, estamos apenas “supondo” que tenha alguém dentro dela. Agora, observe: esta pessoa está feliz ou triste? O que ela está pensando? Se ela está feliz, o que você supõe que tenha sido o motivo? Há um movimento ao lado da casa. O que você percebe? Uma outra pessoa? Um cachorro? Que tal mudar o ângulo? Agora visualize essa imagem como se estivéssemos voltando do Ponto B para o Ponto A. Tenho quase certeza de que você se dará conta que nem tudo o que observou era da forma como tinha visto antes.
Assim somos nós quando olhamos para o outro à nossa frente ou a nossa volta. Nossas percepções e suposições podem criar uma imagem totalmente diferente da realidade. Da mesma forma, como na distância você não consegue ver o que se passa dentro daquela casa, assim também você não consegue imaginar o que se passa dentro de cada pessoa a sua volta. Como você pode determinar se ela está triste ou feliz, se ela fez algo por engano ou de propósito?
Mentes comuns têm a habilidade de julgar os outros por suas próprias percepções e suposições. Pessoas inteligentes e bem-sucedidas buscam entender sem julgar. Elas não rotulam e não condenam. Elas tentam entender o outro procurando uma forma de ajudar. Tudo depende do ponto de vista de cada um. Às vezes é necessário que mudemos o ângulo. Que olhamos para o outro de uma outra maneira. Sem julgar e sem condenar.
Se a França mereceu ou não aquele título em 1998, também tenho minhas dúvidas. Não sou uma “expert” em futebol mas respeito a opinião alheia. Porém, quando o assunto é percepção ou suposição, sugiro que você sempre analise de diferentes ângulos pois talvez isso venha a influenciar o seu ponto de vista. Lembre-se: tudo depende da forma como você vê o mundo e os outros. Quer mudar o mundo? Repito: mude você primeiro!