Para variar, o MDB catarinense não sabe ainda o que fazer da vida diante das eleições estaduais de 2026. O partido está dividido em três alas: uma que quer composição com o governador Jorginho Mello (PL), indicando o candidato a vice-governador deste; outra ala que quer que o partido se afaste de Jorginho, para bancar um projeto de oposição; e uma terceira ala, que está em cima do muro, sem posição definida em relação ao próximo pleito estadual.
A ala que quer estar com Jorginho é capitaneada pelo deputado estadual Antidio Lunelli, que deverá ser secretário de Estado da Agricultura e Pecuária a partir do ano que vem, no lugar do ex-deputado federal Valdir Colatto. Ele representa a direita do partido, cuja força junto a cúpula do MDB é bastante restrita. Ainda que o MDB seja tecnicamente um partido de centro, seu histórico de disputas com o antigo PDS, hoje Progressistas, legenda que deu suporte político a última ditadura militar brasileira, acabou esculpindo no seio emedebista o estigma de uma legenda de centro-esquerda em Santa Catarina. É natural, então, que seus principais líderes, que nada mais são que frutos desta construção histórica, tenham certa aversão a composição com partidos de direita, como é o PL de Jorginho Mello. Antídio Lunelli já conseguiu avançar muito em seu intento de fechar aliança com a direita, mas seus aliados ainda são minoria dentro do MDB.
Na via inversa estão figuras como os ex-governadores Paulo Afonso Vieira e Eduardo Pinho Moreira, além de lideranças como a ex-deputada estadual Ada de Luca. Eles representam a chamada esquerda do MDB. Moreira foi militante da juventude emebedista que buscava o fim da ditadura no Brasil. Paulo Afonso viu seu pai, o então deputado federal Eugênio Vieira (MDB), ser cassado pelo AI-5, em 1969. Mesmo destino que teve o pai de Ada de Luca, o então deputado estadual Addo Vânio Faraco, cassado pela ditadura em 1964. De quebra, seu concunhado, Manoel Dias, teve um mandato de vereador por Içara cassado em 1964, e outro de deputado estadual cassado em 1969. É mais do que natural que lideranças como estas não queiram estar aliadas a partidos de direita, que historicamente são muito ligados ao militarismo.
Em meio a este cabo de guerra, estão os chamados emedebistas moderados, como é o caso do deputado estadual Tiago Zilli, que ainda não tem opinião formada sobre qual destino o partido deve tomar diante de 2026. Este grupo, por óbvio, tende a esperar para ver como se comportará o mercado eleitoral nos próximos 18 meses, ficando de olho, especialmente, nos desdobramentos em nível nacional, que indicarão quais grupos políticos se formarão em relação a eleição presidencial, o que, obviamente, também terá reflexos nos Estados.
Se de fato PT, MDB e PSD fecharem uma aliança nacional, é mais provável que o MDB catarinense faça oposição a Jorginho Mello diante de seu projeto de reeleição. Caso o MDB nacional banque uma candidatura à Presidência, ou esteja em um grupo de oposição ao PT, há uma maior tendência de aliança com o governador catarinense.
- Finais
E por falar no deputado estadual Tiago Zilli, ele acredita que o governo de Jorginho Mello vai começar a liberar recursos bastante substanciais para as prefeituras do Estado a partir de 2025. De acordo com o parlamentar, o Governo do Estado está com uma situação financeira bastante estável, e com o caixa com superávit. Em um cenário como este, e diante de um projeto de reeleição, é muito provável, então, que Jorginho vá ao encontro dos prefeitos, propondo parcerias para o próximo biênio. A grande questão é saber se o govenador vai dar andamento àqueles convênios feitos pelo ex-governador Carlos Moisés da Silva (Rep) com as prefeituras, ou se virá com uma nova proposta no início do próximo ano.
- Presidente Municipal do Progressistas de Sombrio, Cristian Rosa, diz que irá se colocar à disposição de seu partido para disputar, novamente, a Prefeitura Municipal, em 2028. Ele já foi candidato em 2020, em pleito vencido pela prefeitura reeleita Gislaine Dias da Cunha (MDB). De acordo com Cristian, mesmo sem grandes alianças, seu partido conseguiu alcançar 45% do eleitorado neste ano, o que demonstraria que as chances de vitória em um próximo pleito são reais. O presidente do Progressistas está apostando suas fichas num eventual desgaste do MDB sombriense, que está no comando da prefeitura desde 2013. Sem líderes como o ex-prefeito Zênio Cardoso (MDB) e como a atual prefeita Gislaine como candidatos ao comando do Executivo, a aposta é que o MDB não tenha em 2028 a pujança que teve nas últimas quatro eleições.