Desde 1961, o Brasil reserva um dia especial para lembrar da importância das pessoas com deficiência visual. Essa data, escolhida há muitos anos, serve como um marco para que todos nós reflitamos sobre a inclusão e os direitos de quem tem alguma dificuldade de visão.
Cada post nas redes sociais feitos por uma pessoa com deficiência visual é um avanço significativo para uma vida mais autônoma. Isto, apenas por uma pessoa. Mas e em relação a tantas outras que se negam a aceitar a deficiência visual ou a família com sua rede de proteção que, ao invés de mostrar caminhos, os escondem dentro do quarto?
Como eu sempre falo para as pessoas que me perguntam: como é não enxergar? Respondo que a deficiência é apenas um detalhe. Antes da deficiência está a pessoa. E esta aqui quer respeito pelas pequenas conquistas. O desafio não está em atravessar a rua, o desafio é quem estará na rua na hora de nós atravessarmos. Será um pedestre nos puxando pela bengala ou alguém pedindo: “Com licença, posso te ajudar?”
A brincadeira dos amigos: “Adivinha quem é?” não está mais engraçada depois de uma década. Eu acho interessante que muitos amigos queiram saber se eu ainda lembro da voz, mas, queridos, lembrarei ainda mais de vocês pelos momentos bons, risadas ou por perguntar como estou.
Incontáveis foram as vezes que ficaram no silêncio no mesmo ambiente e só fui saber que a pessoa estava lá porque me disseram. Incontáveis foram as vezes que me deixaram de lado em ocasiões importantes porque não sabiam como me convidar. Estou falando de mim, mas somos milhares pelo Brasil que vivem coisas, situações parecidas ou até piores.
A conscientização sobre pessoas com deficiência visual precisa ser diária. O preconceito não é apenas um detalhe. Existe uma pessoa aqui que neste momento é a voz de muitos que não têm essa oportunidade. Queremos apenas viver. Queremos nossas cores através de sons ou sensações. E está tudo bem.
Ver além, sempre será uma luta diária. Não queremos lutar sozinhos. Compartilhe para que outros também possam ver.