“Há Tempo para Tudo” já disse o rei Salomon um dia, quando escreveu o livro de Eclesiastes “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer”.
A terra que me viu menina já viu de tudo o que o rei Salomon escreveu. As histórias contadas por nossos antepassados vão das melhores às piores. Mas vale lembrar também que se há “tempo de chorar, há também tempo de rir”.
Um dia lembramos e noutro esquecemos, tanto as dores quanto os risos. Um dia… E é por isso que quero usar o meu espaço aqui em solidariedade à terra que continua sendo minha de coração.

Logo ali a minha frente (foto) foi onde o balão caiu e onde um cenário de cores transformou o sábado, 21 de junho de 2025, em preto e branco. A luz do dia se ofuscou e o céu se iluminou ao receber oito vidas.
Eu uso esta imagem (dezembro 2020) para elevar o meu apoio à minha gente, à minha família que ainda está por ali, aos amigos de infância e tantos outros que enfrentaram por “trás das cortinas” um espetáculo nada bonito naquele paraiso cercado pelos canyons.
A terra que me viu menina, é majestosa! Tem gente hospitaleira e a mão de Deus desenhou um cenário natural incrível ali. Eu me sinto em paz quando ali volto para mais uma visita.
Foi ali, atrás de mim, a minha primeira casa junto aos meus pais e meus 13 irmãos. Terra do meu avô Bento Pereira e avó Maria Luisa. Solo amado que me fascina ainda hoje. Terra de tantas delícias e flores oferecidas pela natureza. Fontes de águas cristalinas que tantas vezes saciaram a minha sede.
Logo abaixo, à minha frente, o chão onde era casa onde eu cresci e vivi até meus 13 anos de idade. Hoje virou plantação de arroz toda a área onde eu brincava entre o milharal que vinha depois da safra do fumo.
Onde existia um tanque para lavar a roupa, ainda ostenta o pé de limão plantado pela minha mãe. Ao lado, uma taquareira que resolveu surgir mais tarde e logo atrás, um velho pé de abacate continua forte vencendo as tempestades e o tempo.
O que eu nunca imaginei foi ver aquele pedacinho ali, com o limoeiro, o abacateiro e a taquareira virar cenário de notícia internacional. Em que pensar que uma semana antes, eu parava o carro para trazer aquela imagem comigo de tão significante era ela para mim.
Foi ali também, naquele pedacinho de chão que um machado caiu no meu pé deixando-me marcada para sempre. Meus rastros, aos 8 anos de idade, já não eram os mesmos. Um acidente que trouxe dores virou outra história bonita 35 anos depois.
A gente se questiona o porquê de situações assim. Talvez nunca entenderemos mas às vezes, coisas ruins acontecem para outras melhores surgirem. É difícil aceitar, mas precisamos confiar.
“Há Tempo para Tudo” debaixo do céu. “Tempo de calar e tempo de falar”. Tão sábias as palavras do rei Salomon.
Aquele 21 de junho de 2025 foi assim. Tempo de calar, de chorar e de abraçar.
A terra que me viu menina tem um rio que corria atrás de casa. Eu amava pescar ali com meu pai no final de tarde. Com um saquinho velho de açúcar na mão, eu caminhava entre as águas do rio com ele. Ele lançava a rede e eu coletava os peixinhos. Triste eram as mordidas dos mosquitos pelas pernas e braços, mas quer saber? Eu não lembro de nenhuma. Meu coração pulsa forte de gratidão pela lembrança agradável daqueles momentos com meu pai.
Estão ali ainda, logo depois do rio, a minha primeira igreja e a primeira escola onde aprendi a escrever. Tenho orgulho de ter nascido em Praia Grande e ter trilhado este chão que se estende magnificamente a minha frente.
“Há Tempo para Tudo” e o que é triste hoje será um dia uma história para contar como tantas outras por nossos antepassados. Avante minha gente!
Eu tiro o chapéu hoje para Cachoeira-Praia Grande/SC (meu Brasil). Força minha gente! Força terra amada!
“Tua gente é gente pra frente, que luta incansavelmente!”
Cantemos o nosso hino para lembrar que somos responsáveis pelo amanhã e que somos nós os que transformam o mundo melhor a nossa volta.