Por eu participar de programas de rádio, escrever para jornais e no Facebook, faz com que algumas pessoas, vez que outra, me procurem no meu escritório para conversar. Não como advogado, o que seria normal, mas apenas para desabafar seus problemas e me ouvir. Eu estou impressionado com o grande número de pessoas que sofrem por causa de conflitos evitáveis.
Os problemas são os mais variados, mas a maioria envolve relações familiares, campo este que mexe muito com o emocional das pessoas. Muitas vezes destroem relacionamentos de anos. As pessoas têm histórias de vida. Assim, nessas horas vêm as lembranças de bons, felizes, maus ou difíceis momentos vividos em comum. Há também a questão dos filhos, do trauma que causam as separações. Com qual dos pais ficarão, o pagamento dos alimentos, o direito de visitas, enfim, essas coisas todas… Muito triste.
A questão da partilha dos bens é sempre traumática. Tu não imaginas o enorme sofrimento das pessoas. É comum chorarem na minha frente, de tristes e angustiadas que ficam. Chama muito a minha atenção é que a maioria dos problemas tem como causa motivos banais, coisas pequenas, que poderiam ter sido resolvidas facilmente nas suas origens.
Conflitos humanos são como incêndios. Deve-se ter todo o cuidado para que não aconteçam. Mas se já iniciou, tem-se que procurar apagá-lo imediatamente, enquanto é pequeno, na sua origem (de novo). Para isso é preciso que se tenha água, ou areia, ou extintor, ou uma coberta, enfim, algo que o abafe e o apague. Claro, aqui estou falando de incêndio no sentido figurado.
Nos casos de conflitos entre pessoas, que até dei como exemplo o casamento ou união estável que se terminam, estendo o tema agora para todos e quaisquer conflitos humanos, sejam entre familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, de profissão ou até no trânsito, por que não? O essencial para que não comecem e não evoluam é a Diplomacia. Virtude que poucas pessoas têm e muitas nem sabem o que é. Tu sabes? Vejamos.
O perigo nos desentendimentos é as partes forçarem cada uma impor a sua opinião. Como estão traumatizadas, feridas com a situação, a primeira coisa que abandonam é o bom senso, em especial, o de Justiça. O diálogo fica tenso, gritam, se ofendem e se agridem moral e até fisicamente. Diplomacia é a arte da negociação. Saber ouvir, calar, usar palavras adequadas, falar baixo e devagar. Fazer concessões. Abrir mão de alguma coisa para ganhar outra ali na frente. Quem sabe, perdoar? Assim não sofreriam tanto. O pior, o mais grave, poderia seria evitado. Mesmo assim, se este já se concretizou, a Diplomacia deve continuar a imperar sempre para evitar-se um mal maior.