Não se preocupem, meus raros e pacientes leitores, não vim aqui para ensinar ou criticar alguém, mas tão somente para dar algumas dicas do que é necessário para se falar ou escrever razoavelmente. Na linguagem coloquial, que é aquela mantida em conversas ou escritos com pessoas íntimas em momentos de descontração ou irreverência, não precisamos ter muito cuidado com isso, pois sempre nos perdoaremos uns aos outros.
Mas quando falamos em público, emissora de rádio ou televisão, ou escrevemos para um jornal ou um livro, a coisa muda de figura. É importante que tenhamos conhecimentos elementares de gramática da língua portuguesa, sob pena de cometermos erros grosseiros, o que é sempre desagradável. O pior mesmo é ocorrer numa entrevista de emprego, no preenchimento de um “curriculum vitae” ou num vestibular. O que acarretaria uma perda irreparável.
Trago aqui poucas dicas, como exemplos, de erros mais comuns: 1) – “FAZEM três anos”, no lugar de “FAZ três anos”. O verbo “FAZER”, quando se refere a tempo transcorrido, é impessoal, portanto, é conjugado sempre na terceira pessoa do singular; 2) – “HOUVERAM muitos acidentes”, no lugar de “HOUVE muitos acidentes. O verbo HAVER no sentido de existir também é impessoal, nesse caso, não deve ser usado no plural; 3) – “Há dez mil anos atrás”, no lugar de “Há dez mil anos”. É redundante usar “há” e “atrás” na mesma frase, pois dizer “há dez mil anos” é o mesmo que “faz dez mil anos”; 4) – “De encontro aos…” “Ao encontro dos…” Ora, meus irmãos, “De encontro a…” é estar em sentido contrário, em oposição. “Ao encontro de…” é estar de acordo, ideia de conformidade ou indo se encontrar; 5) – “A falência é eminente” no lugar de “A falência é iminente”. “Eminente” é adjetivo que significa pessoa importante, notável. “Iminente” é adjetivo também, mas indica que algo está prestes a acontecer. Alerta! Pode ser uma tragédia.
Se cuidem! Leiam muito. Tenham sempre ao lado um dicionário, quando lerem ou escreverem. Ao surgir uma palavra que vocês não conheçam, dirijam-se imediatamente ao velho “amansa burro”, como eu faço. Ele serve também para procurarmos sinônimos, evitando assim repetir a mesma palavra muito próxima uma da outra, ou no mesmo parágrafo.
Falar em público ou de improviso é algo que aterroriza muitas pessoas. Dizem que as palavras não lhes vêm. “Dá um branco”. Evitar isso é simples: decorem poesias ou frases famosas. Gravem nomes de pessoas importantes e datas históricas. Leiam-nas e escrevam várias (duas, dez ou trinta) vezes num caderno. Desta forma elas estarão sempre “quentinhas” no consciente de vocês. Ouvir um discurso ou uma poesia lidos é uma tortura para quem ouve.