Se você acompanhou meu último artigo, irá lembrar da agilidade e majestosidade do leão. Imponente, temido e destemido, o rei da selva assusta ao abrir a boca. Parece até algumas pessoas que conhecemos à nossa volta. Gente assim não tem noção do que falam e o que dizem. Vão logo rugindo sem nenhum um “pinguinho” de amabilidade no tom de voz. Eu tenho certo receio de gente assim. E voce? Eu gosto de gente de voz mansa, calma e tranquila. Aquele tipo de gente que faz a conversa se estender por horas que até não nos damos conta. Gente assim deixa um vazio quando vai embora, mas deixa um perfume no ar que é até difícil explicar.
Quando menina, lá na minha amada Cachoeira (Praia Grande/SC), encontrei um livro velho e bem surrado que tenho quase certeza, tinha sido dos meus primos Matos de Torres/RS (Angela, Maria e Marcos). Era uma coletânea de histórias infantis, provavelmente usadas por algum deles na escola. Até hoje, quase 50 anos mais tarde, eu ainda guardo comigo a “historinha” que mais me cativou. Era a fábula “O Leão e o Ratinho”, escrita por Esopo. Segundo artigo escrito pelo website http://projetoabelha.com.br, Esopo foi um fabulista grego no séc. VI a.C, que entrou para a história como o primeiro criador de fábulas e é considerado o maior e mais famoso representante deste estilo literário.
Segundo a fábula de Esopo: “Numa floresta bem distante vivia um leão que era muito temido por todos os animais que lá moravam. Ele gostava de caçar e andar por todos os lugares”. Lembra um momento em que cansado depois de uma refeição, você deseja descansar? Assim foi o tal leão descansar debaixo da sombra de uma boa árvore. Claro que ninguém quer ser interrompido em um momento de lazer assim. Mas aconteceu de um pequeno ratinho passear por cima do leão e acordá-lo. Quem causa distúrbio num momento desse, acordando a fera, deveria correr. Porém o pobre ratinho ficou preso debaixo da pata do leão. Apavorado, ele suplicou para que a fera o deixasse ir e o leão tomado de compaixão o libertou. Quisera houvesse mais compaixão entre as pessoas, como neste caso. “Fazer o bem sem olhar a quem!”, não é assim?
A fábula continua num reencontro entre o leão e o ratinho, desta vez numa situação diferente. O leão ficara preso na rede de uns caçadores e mesmo com sua bravura e força, não conseguia sair da armadilha. À distância, o indefeso ratinho ouve o rugido de desespero da fera e corre em seu socorro. Ao ver o leão em desespero, o ratinho começa a roer as cordas libertando-o.
No mundo onde a lei da sobrevivência divide a sociedade entre fortes e fracos, vale lembrar que ainda existem pessoas de coração puro e serenidade no olhar. Gente com amabilidade e grandeza na alma, que não mede esforços em prol do próximo. Gente de caráter e integridade, que tem compaixão e empatia. Gente que não precisa abrir a boca para falar, pois seus atos e atitudes revelam por si o quanto preciosas elas são. Eu gosto de gente assim, e você?
Comecemos um ano novo com mais amabilidade e gentileza para quando chegarmos ao final deste, possamos brindar com orgulho a diferença que fizemos na humanidade.