A criança é um anjinho e o adolescente um anjo que cresceu um pouco. Os anjos são frágeis e delicados, por isso precisam de cuidado e carinho. Alguns adultos ignoram que a indiferença, o abandono ou maus tratos em relação a eles os fazem sofrer e deixam sequelas pelo resto de suas vidas. Alguns pais solteiros ou separados, que abandonam seus filhos, imaginam que, com o simples fato de pagarem alimentos, já cumpriram com suas obrigações. Nestes casos, os filhos são criados só pelas mães ou avós… Coitadas. Por mais que se esforcem, jamais suprirão a ausência do pai, porque a mulher tem natureza diferente da do homem, e vice-versa.
A criança sente medo e insegurança. Medo de tudo; do escuro, do bicho-papão, do coleguinha maior que ameaça bater nele ou que a mãe venha morrer. Ainda que ela esteja presente, o filho sente uma falta enorme da figura do pai. A simples presença dele; o pegar no colo, dar a mão para atravessar a rua, ouvir sua voz ou sentir o seu cheiro ao chegar do trabalho, dá à criança uma sensação de segurança e felicidade que ninguém nem nada poderá substituir. Isso molda-lhe o caráter.
A falta que ele faz no dia do aniversário do filho, no Natal, no Dia dos Pais, em especial, quando há uma festinha na escola. Os pais dos amiguinhos estão todos lá, mas o dele não. Então a criança se esconde num canto para chorar. E quem vai enxugar suas lágrimas? O pai ausente não sabe o mal que está fazendo para um ser frágil. Ignora não só as lágrimas disfarçadas, como também o soluço sufocado no meio da noite pra não acordar a mãe, ou por medo do padrasto.
E o fim-de-semana, que era para ser de alegria, para a criança esquecida é mais um momento de tristeza, quando ela vê outros meninos e meninas nas ruas, nas praças, nas praias ou num ambiente qualquer acompanhadas de seus pais. Não me refiro ao caso de uma criança cujo pai morreu, pois esta realidade ela absorve. Sente tristeza e saudade, é claro, mas não a sensação de abandono, que dói muito mais.
Aí, na adolescência irão externar suas revoltas. Procurarão as drogas, serão traficantes ou um criminoso qualquer. Se menina, poderá cometer outros deslizes ou até loucuras, como, “dar suas pérolas aos porcos”; jogando no lixo a delicadeza, a graça e a beleza de seu corpo juvenil e do seu sorriso de infantil, caindo na promiscuidade. Talvez, numa aventura amorosa tenha uma gravidez precoce, que lhe impedirá de estudar, de curtir sua juventude ou a concretização de seus sonhos.
Quem sabe ela vislumbrará num homem mais velho a figura do pai que não teve. Aí ternura e sexo se confundem perigosamente. Ou quando criança, a mãe arrumou outro companheiro que abusou da sua ingenuidade Assim, cuidado! Quando julgares um adolescente que fez algo errado, ou que tenha uma vida tumultuada. Observa bem se ele teve um pai presente como tu tiveste a sorte de ter. E se fores pai, olha bem o que estás fazendo com o teu filho e, principalmente, com a tua filha.