Tudo começou quando os pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia foram encarregados de conseguir peixe para o banquete que a Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá iria oferecer a Dom Pedro de Almeida e Portugal, o Conde de Assumar, que na época também era o Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, e estava visitando a região, no período de 17 a 30 de outubro de 1717.
Foi após várias tentativas que os três pescadores tiraram das águas escuras do Rio Paraíba uma imagem de Nossa Senhora, que veio nas redes em dois pedaços: primeiro o corpo e, em seguida, rio abaixo, a cabeça.
João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, depois de colocar a imagem dentro do barco, puderam vivenciar a ação da Mãe de Deus. Os pescadores, que antes não tinham conseguido pescar nada, encheram as suas redes com uma quantidade abundante de peixes.
Antes de levarem os peixes para o banquete, entregaram os pedaços da estátua a Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe de João, que reuniu as duas partes com cera e a colocou num pequeno altar na casa da família, agradecendo a Nossa Senhora o milagre dos peixes.
Nascia ali uma devoção, reunindo todos os sábados os moradores da região para rezarem o terço e cantarem a ladainha.
Coroação
Foi sob a inspiração de Dom Joaquim Arcoverde, Arcebispo do Rio de Janeiro, primeiro Cardeal do Brasil, que surgiu a proposta da coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. O tema foi sugerido em 1901, na primeira Conferência dos Bispos da Província Meridional do Brasil, realizada em São Paulo. O pedido foi aceito pelo Papa Pio X e a solenidade marcada para 8 de setembro de 1904.
Pela primeira vez, o Santuário reuniu cerca de 15 mil pessoas, 12 bispos e centenas de sacerdotes para a coração da Imagem. A missa aconteceu na praça do Santuário, presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Júlio Tonti. O bispo de São Paulo, Dom José de Camargo Barros, foi quem coroou a imagem.
A declaração aconteceu em julho de 1930, pelo papa Pio XI. No final de 1930, Dom Sebastião Leme tomou a iniciativa de realizar uma festa para a proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.
A grande manifestação popular foi organizada para acontecer no Rio de Janeiro, no dia 31 de maio de 1931. Em um trem especial e enfeitado, a Imagem foi conduzida para o Rio de Janeiro, saindo de Aparecida.
Era a primeira vez, desde 1889, que a Imagem saía de seu Santuário. Mais de um milhão de fiéis aguardavam no Rio para participar das celebrações.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) em sua Assembleia de 1953 determinou que a festa da Padroeira do Brasil fosse celebrada no dia 12 de outubro. Uma das razões para a escolha dessa data foi a aproximação da época do encontro da Imagem, que ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717.
Por ocasião da visita do Papa João Paulo II ao Brasil, o então Presidente da República, General João Batista Figueiredo, promulgou a Lei n. 6.802, de 30 de junho de 1980, “declarando feriado federal o dia 12 de outubro para o culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida”, conforme consta no Diário Oficial da União de 1º de julho de 1980.
Marilia Ribeiro | Santuário Nacional Aparecida