Os preços agrícolas apresentaram oscilação no mercado catarinense nos primeiros três meses de 2021. O arroz teve queda nos preços pagos ao produtor, enquanto que o feijão segue com valores em alta. O milho e a soja também retomaram tendência de alta, depois de quedas em dezembro. O cebolicultor catarinense vem negociando a safra a bons preços e os produtores de alho estão segurando os estoques para fortalecer a negociação. A banana também teve queda de valores e o leite está com tendência de alta em março. Na pecuária, os custos de produção são preocupantes. Esses dados estão no Boletim Agropecuário emitido mensalmente pela Epagri/Cepa.
Grãos
Em fevereiro, os produtores de arroz receberam R$ 87,32 pela saca de 50 kg, o que representa uma redução de 0,5% em relação a janeiro. Até fevereiro, cerca de 90% da área de lavoura apresentava boa condição. Nos 10% restantes, a condição era média.
Os produtores catarinenses de feijão-carioca receberam em fevereiro, em média, valor 11,4% mais alto do que em janeiro. No caso do feijão-preto, a variação no período foi de 8,10%. O baixo estoque para o início da safra e a queda na produção da primeira safra 2020/21 são fatores que explicam esse aumento.
Os preços pagos aos produtores de milho retomaram movimento de alta em janeiro, depois de recuo em dezembro. A estiagem do ano passado e o ataque de cigarrinhas do milho derrubaram o rendimento do grão nas lavouras catarinenses.
Em janeiro, os preços pagos aos produtores de soja de Santa Catarina também retomaram movimento de alta, com valorização de cerca de 6,9% em relação a dezembro, quando houve queda. Em 2020, a alta nos preços foi de 44,5%, batendo recordes nominais e em valores corrigidos desde 2014, segundo dados da Epagri/Cepa. A estimativa indica cultivo de 700 mil hectares de soja em Santa Catarina na safra atual.
Hortaliças
Com colheita concluída, os cebolicultores catarinenses comercializaram a produção em fevereiro a valores considerados bons, variando de R$2,00/kg a R$2,50/kg, dependendo da qualidade dos bulbos. A cebola importada começou a chegar ao mercado nacional, especialmente da Argentina e também da Holanda. Até fevereiro, foram importadas 15 mil toneladas de cebola, o que, embora não seja um volume significativo para o mercado brasileiro, é o maior dos últimos quatro anos para o bimestre.
Apesar de estar com a colheita também concluída, a comercialização da safra de alho catarinense está lenta. É uma estratégia de produtores, que mantêm o produto nos estoques à espera de melhor preço. A cultura enfrentou problemas com estiagem, granizo e ciclone durante seu desenvolvimento. Contudo, a Epagri/Cepa afirma que a safra pode ser considerada positiva para a maioria dos produtores catarinenses, já que o preço pago está acima do custo médio estimado.
Banana
A banana-caturra catarinense teve os preços reduzidos, como estratégia de escoar a produção das frutas, já em fase de maturação. A banana-prata, de qualidade melhor que a caturra, segue valorizada, mas com estimativa de redução nas cotações com o aumento da oferta.
Pecuária
A análise da Epagri/Cepa indica ainda que os preços dos lácteos começaram a se elevar no transcorrer de março, mês em que os valores recebidos pelos produtores de leite foram inferiores a fevereiro. Com a demanda fraca, a reação dos preços se dá fundamentalmente pela chegada da entressafra da produção leiteira nacional, que poderá ser mais intensa do que normalmente, em face de pressões de custos para boa parte dos produtores. A tendência para abril é que os produtores catarinenses recebam preços melhores do que em março.
Os custos de produção preocupam os produtores catarinenses de suínos. Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção desta proteína registrou alta de 3,7% em fevereiro, em relação ao mês anterior. Nos últimos 12 meses, a variação foi de 48,7%, impulsionada pela elevação dos custos com nutrição, que ficou em 43,3%. A isso se soma a demanda no mercado interno, afetada pela crise econômica e pela elevação dos preços da carne suína. Santa Catarina exportou 40,77 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em fevereiro, alta de 34,8% em relação ao mês anterior e de 16,4% na comparação com fevereiro de 2020. As receitas, por sua vez, foram de US$97 milhões, crescimento de 37,2% em relação ao mês anterior e de 20,3% na comparação com fevereiro de 2020.
A avicultura catarinense também enfrenta alta nos custos de produção. A Embrapa Suínos e Aves calcula que o custo de produção de frangos registrou alta de 6,9% em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Nos últimos 12 meses, a variação foi de 48,3%, impulsionada pela elevação dos custos com nutrição, de 44,4%. A boa notícia é o aumento nas exportações. Santa Catarina exportou 80,89 mil toneladas de carne de frango em fevereiro (in natura e industrializada), alta de 33,9% em relação ao mês anterior, mas 8,1% abaixo do montante embarcado em fevereiro de 2020.
O comportamento dos preços do boi gordo nas primeiras semanas de março foi distinto nas duas praças de referência de Santa Catarina. Em Lages houve alta de 3,9% na comparação com o mês anterior, enquanto em Chapecó o valor manteve-se inalterado no período. Em relação a março de 2020, as altas são significativas nos dois casos: 56,2% em Chapecó e 53,9% em Lages. A perspectiva é de que haja uma acomodação nos preços ao longo dos próximos meses, em função da maior disponibilidade de bovinos criados a pasto a partir deste mês. Contudo, a influência desse fator sobre o mercado vai depender, principalmente, do ritmo das exportações e da capacidade de retenção por parte dos produtores, caso se verifiquem quedas.