O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira a anulação do leilão do governo para a compra de arroz importado. A decisão foi tomada após a identificação de suspeitas de irregularidades no processo de compra de 263 mil toneladas de arroz, realizado na última quinta-feira, dia 6.
Segundo Pretto, um novo procedimento será organizado, com ajustes para garantir a contratação de empresas com capacidade técnica e financeira adequadas. “Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar empresas que tenham capacidade técnica e financeira […] A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado, vendo todos os mecanismos possíveis para a gente contratar empresas com capacidade de entregar arroz com qualidade, a preço barato para os consumidores”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.
A decisão contou com o apoio do presidente Lula, conforme informado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira. Lula, Pretto e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participaram de uma reunião antes do anúncio da suspensão.
O leilão da semana passada resultou em um preço médio de R$ 25 por cada saco de 5 quilos de arroz. No entanto, empresas sem histórico no mercado de cereais participaram e arremataram lotes, levantando suspeitas. O governo decidiu importar arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul, que, embora tenha colhido 80% da produção nacional antes das inundações, enfrentava dificuldades para distribuir o grão.
O ministro Fávaro destacou que o governo não efetuou nenhum pagamento pelo arroz do leilão anulado e prometeu critérios mais rigorosos no próximo leilão. O novo edital contará com a colaboração da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Receita Federal para garantir a idoneidade das empresas participantes.
A falta de experiência das empresas vencedoras chamou atenção no mercado, assim como a participação da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos na intermediação do leilão. As empresas foram criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola do governo federal.
A controvérsia levou à saída de Neri Geller do cargo. O ministro Fávaro afirmou que Geller colocou o cargo à disposição devido ao possível conflito de interesses, considerando sua ligação com a corretora envolvida no leilão.
Geller, ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, foi um dos nomes do agronegócio que apoiou Lula nas eleições de 2022.