Além de todas as demandas cuja atribuição do cargo exige, os prefeitos eleitos e reeleitos, que assumirão no próximo dia 1º de janeiro, precisarão enfrentar de frente um tema incômodo, mas que precisa ser combatido: a corrupção. Ainda que frequentemente associado ao desvio de recursos financeiros, o conceito de corrupção é mais amplo e insidioso, permeando diversas esferas da administração pública e comprometendo a eficácia das políticas públicas.
Um dos aspectos mais preocupantes da corrupção velada é a realização de obras mal executadas, que não atendem às necessidades da população e muitas vezes são realizadas por empresas que se beneficiam de relações privilegiadas com a administração municipal. Essas obras, que deveriam melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida dos cidadãos, muitas vezes se tornam um estorvo, a exemplo de ruas e avenidas mal feitas, escolas mal acabadas e por aí afora, consumindo recursos públicos sem trazer os benefícios esperados. Os prefeitos têm a responsabilidade de garantir que os contratos sejam observados com transparência, priorizando a qualidade e a eficiência, em vez de ceder a pressão políticas ou interesses pessoais.
A contratação de funcionários incompetentes para funções públicas é outra faceta de corrupção que merece atenção. Muitas vezes, essas nomeações são feitas com base em relações pessoais ou em troca de apoio político, em vez de se basearem em critérios de mérito e competência. Isso resulta em um serviço público fraco e ineficaz, afetando setores como a saúde, a educação, e a administração pública direta. Os prefeitos precisam adotar critérios meritocráticos para preencher vagas funcionais de cargos de confiança, garantindo que as melhores pessoas ocupem cargos-chave na administração municipal.
Além disso, as negociações obscuras para garantir o apoio político na Câmara Municipal são uma prática que corrompe a governança. A troca de favores e a manipulação de votos para garantir a aprovação de projetos, não apenas desvirtuam o processo democrático, mas também perpetuam um ciclo de desconfiança entre a população e seus representantes. Para romper com esse ciclo, os prefeitos devem promover um ambiente de diálogo aberto e honesto, valorizando a participação cidadã e a transparência nas decisões.
Diante desse panorama, é imperativo que os novos gestores se comprometam a combater a corrupção de todas as suas formas. Essa luta é essencial não apenas para a preservação dos recursos públicos, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao priorizar a ética e a transparência, os prefeitos terão a oportunidade de restaurar a confiança da população nas instituições e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo em seus municípios. A responsabilidade é grande, mas os resultados podem transformar a realidade de milhões de cidadãos.
FINAIS
A bancada federal de Santa Catarina protocolou na última sexta-feira, emendas parlamentares impositivas, no Orçamento da União de 2025, na ordem de R$ 528 milhões. Deste total, R$ 50 milhões foram destinados para a manutenção das BRs 280, 282 e 470. Já a BR-285, que em nosso Estado contempla a Serra da Rocinha, que está em obras de pavimentação, não recebeu nenhum centavo das emendas impositivas. Por conta disto, a Rocinha permanece a mercê da benevolência do Ministério dos Transportes, que tem empurrado sua pavimentação com a barriga há mais de uma década. Sempre que o Governo Federal tem problemas orçamentários, corta o dinheiro para a pavimentação da Rocinha e a obra fica parada. Promessa é de conclusão total das obras no final de 2025, mas a mesma promessa já foi feita em relação ao final deste ano, e de vários outros anos anteriores.
Sem dar sinais de que vai contemplar o MDB com cargos relevantes no Governo do Estado, governador Jorginho Mello (PL) está prestes a ver toda a bancada do partido declarar apoio ao projeto de eleição do deputado Júlio Garcia (PSD), no que diz respeito a presidência da Assembleia Legislativa. Este virtual desdobramento fará, inevitavelmente, com que o PL do governador também declare apoio a Júlio, na tentativa de garimpar algum posto de maior relevância da Mesa Diretora, que comandará o legislativo catarinense pelo próximo biênio.
A grande verdade é que ao contingenciar demasiadamente sua gestão, tanto na questão financeira, quanto na de espaço político, Jorginho está assumindo o risco de ficar somente com o Republicanos na disputa por mais um mandato de governador. Se PSD, MDB e Progressistas se unirem em 2026, somente um tsunami bolsonarista para manter o PL no comando do governo catarinense.