Meninas cada vez mais jovens, já a partir dos oito anos, normalmente, com uma exposição excessiva de conteúdo online e aquela vulnerabilidade típica da infância. Esse é o perfil das crianças e adolescentes que mais embarcam nos desafios da internet. Desafios perigosos, diga-se de passagem.
O caso de Sarah Raíssa de Castro, de 8 anos, que morreu depois de inalar desodorante aerossol, no último fim de semana, em Brasília, se soma ao de outra menina de 11 anos, que morreu pelo mesmo motivo em Pernambuco, no mês passado.
A psicóloga Fabiana Vasconcelos, do Instituto DimiCuida, chama a atenção: já são 56 mortes nos últimos dez anos por causa desses desafios virtuais. Alguns fatores, segundo ela, são curiosidade, internet sem controle parental ou orientação escolar e, mais que isso, sem regulamentação.
Ela tenta explicar o que está acontecendo: “Eles são atraídos por conteúdos passados por outros colegas ou estão sendo realmente capturados dentro dos espaços digitais, onde eles têm um chat, uma conversa privada, que pode levar a uma estimulação”, afirma.
Aliás, o próprio instituto em que Fabiana trabalha foi criado após um jovem, de 16 anos, perder a vida praticando o jogo do desmaio. Quando esses assuntos voltam à tona, mães, pais e adultos responsáveis logo se perguntam: o que fazer? A primeira coisa, segundo a profissional, é estar conectado com o filho e com a vida digital que ele tem.
E quais são os sinais que acendem a luz amarela em casa? A psicóloga responde: “Você vê um isolamento dentro do quarto. A criança ou o adolescente pode parecer muito apreensivo, ou tenso, por estar se comunicando muito dentro do espaço digital e mudança de comportamento em relação à escola. Você começa a perceber que ela prefere o ambiente digital muito mais do que a brincadeira referente a idade dela no campo presencial. Isso são sinais”.
“A denúncia pode ocorrer diretamente dentro do aplicativo”, ela indica, mas também é possível procurar um especialista próximo do convívio, inclusive na própria escola, para ajudar a lidar com essa questão.
“Se a denúncia for considerada de violência, de agressão, um boletim pode ser feito. Nós temos esse tipo de regulamentação, isso existe. Eu posso fazer uma denúncia de um crime digital”.
Após as duas mortes mais recentes, o Ministério da Justiça informou que está desenvolvendo um aplicativo para restringir o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos impróprios para a idade e um projeto de lei para responsabilizar provedores de internet. O site do Instituto DimiCuida também traz orientações.
No caso da Sarah Raíssa, a Polícia Civil trabalha para descobrir quem criou e compartilhou esse conteúdo. Os responsáveis podem responder por homicídio duplamente qualificado, com penas que chegam a 30 anos de reclusão. O celular da menina foi apreendido para perícia. O laudo fica pronto em 30 dias.
* Com informações da Agência Brasil
Creditos: OCP NEWS