Em 2006, durante uma apresentação escolar em frente à Prefeitura de Sombrio, a então repórter do Correio do Sul, Fernanda Guidi, se encantou com o sorriso de um menino e decidiu entrevistá-lo. Seu nome: Iago Mateus Borges dos Santos, filho de uma faxineira, aluno dedicado, integrante do coral da escola (Melodia Alegre). Naquele dia, ele revelou ao jornal um desejo que pulsava forte em seu coração infantil: ser cantor.
O tempo passou, e aquele menino não apenas cresceu — ele se tornou exatamente aquilo que sonhava. Hoje, artisticamente conhecido como Iago Borges, ele carrega na bagagem 12 discos, 15 DVDs, três revistas em quadrinhos e uma história de superação que emociona.
“Me marcou muito… No outro dia, a diretora leu a matéria na frente de toda a minha turma. Meus colegas me aplaudiram, e eu chorei muito. Eu era o filho de uma faxineira, aparecendo no jornal pra falar do meu sonho. Aquilo ficou na minha memória até hoje”, relembra Iago, emocionado.
A caminhada não foi fácil. Ainda criança, perdeu tudo quando, num domingo de Páscoa, seu pai ateou fogo na casa onde moravam. A mãe, uma mulher de fibra, o criou sozinha, chegando a morar em um paiol para garantir o sustento dos filhos. A rejeição de parte da família, o preconceito e o bullying não foram suficientes para apagar seu brilho.
“Se eu pudesse falar com aquela criança, eu diria: não desiste, acredita em ti, cara! Eles vão te chamar de louco, mas tu és um louco consciente. Deus tem um plano na tua vida. Tu vai cantar fora do Brasil, vai gravar com teus ídolos. E é gigante, cara”, afirma.
E assim aconteceu. Aquele menino, que um dia cantou “Este Corazón”, do RBD, em uma apresentação escolar, hoje tem no currículo gravações com ídolos como Daniel e Samuel, além de uma produção marcante com Ed Telles, tecladista da banda RBD, grupo que tanto admirava na infância.
Entre suas maiores conquistas, Iago destaca o primeiro CD, gravado em Goiânia, e que contou com arranjos feitos em Portugal. Mais recentemente, realizou outro sonho ao trabalhar diretamente com um dos músicos da banda que embalou sua adolescência.
Mas a música não é sua única paixão. Fora dos palcos, ele é um apaixonado por livros, séries, cultura mexicana e, claro, pela vida. E segue sonhando: quer gravar um DVD em São Paulo e continuar sua trajetória também no mundo dos quadrinhos e, quem sabe, da atuação.
Quando perguntado sobre o que não pode faltar nos seus shows, ele é enfático: “Conquistando o Impossível”, da Jamily. Porque ela representa minha história.”
Iago deixa um recado para quem hoje tem um sonho:
“Tenha persistência e força de vontade. O céu é o limite. E nunca, nunca perca a humildade.”
Histórias como a de Iago Borges são a prova de que jornalismo vai além de noticiar fatos. Ele registra memórias, eterniza sonhos e fortalece laços com a comunidade. O Correio do Sul tem orgulho de, há 35 anos, acompanhar e fazer parte da trajetória de tantas pessoas que, como Iago, acreditaram que o impossível pode ser conquistado.