O número de municípios brasileiros com apenas um candidato disputando a prefeitura dobrou nas eleições deste ano, alcançando o maior índice das últimas sete eleições. Em 2020, 108 cidades tinham candidaturas únicas; neste ano, o total saltou para 214 municípios. Isso significa que, em muitas dessas localidades, a eleição pode ser decidida por um único voto.
Os dados foram sistematizados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) e refletem um crescente desafio enfrentado pelos pequenos municípios. Segundo Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, a dificuldade de atrair candidatos para as prefeituras de pequenas cidades está ligada a diversos fatores. “Não falo apenas da falta de recursos financeiros e de apoio técnico. As dificuldades incluem questões burocráticas e entraves jurídicos, que tornam a vida pública muito penosa na ponta”, destacou Ziulkoski.
O fenômeno é notável em cidades com uma média populacional de cerca de 6,7 mil habitantes. Os estados com os maiores números de candidaturas únicas são Rio Grande do Sul, com 43 municípios, Goiás, com 20, e Mato Grosso, com 9. Esse cenário também se reflete em Meleiro, um município localizado na região da AMESC (Associação dos Municípios do Extremo-Sul de Santa Catarina).
Em Meleiro, a eleição municipal de 2024 será marcada por uma candidatura única para a prefeitura e vice-prefeitura. Os candidatos são Anderson Scardueli (prefeito) e Jonas Ostetto (vice). Apesar da falta de concorrência para o cargo executivo, Meleiro apresenta uma ampla lista de candidatos a vereador, o que pode indicar uma divisão mais complexa de interesses e representações no legislativo local.
Além do aumento no número de candidaturas únicas, a CNM também aponta uma redução geral no total de candidaturas para este pleito, com uma queda de 20% em comparação com 2020. Em 2024, o total de candidaturas é de 15,4 mil, contra 19,3 mil nas eleições anteriores.
O cenário de candidaturas únicas reflete um desafio crescente para a política local no Brasil, especialmente em pequenas cidades, onde os obstáculos para a candidatura podem desestimular potenciais interessados em ocupar cargos públicos. A situação em Meleiro é um exemplo claro desse fenômeno, e os próximos passos para a gestão local dependerão de como a população reagirá a essas condições eleitorais.