Creio que cada um de nós tenha uma música que brinca em nossa mente quando estamos sozinhos. Talvez no banho ou enquanto estamos no trânsito. Talvez enquanto degustamos nossa bebida favorita ou quando estamos na cozinha. Sei lá! Somos diferentes, eu sei, mas alguma coisa me diz, que temos algo em comum. Se você é como eu que tem aquela canção brincando na sua mente em momentos vagos, pare e analise por um momento. Que mensagem essa canção passa para você? Certamente algo valioso tem para que o seu cérebro reative ela em instantes de calma e tranquilidade.
Eu tenho várias músicas que continuamente brincam em minha mente. E cada qual, se eu as pudesse explicar, tem um significado importante, ou uma mensagem ou de algum momento de nostalgia. No entanto, tem uma com um destaque mais especial e específico. E é dela que agora quero falar.
Quando eu treino minha equipe de funcionários ou líderes para a companhia, eu uso como filosofia uma frase da música “Bleed the Same” (Sangramos o mesmo) da cantora Mandisa, que infelizmente faleceu no início de 2024: “Se vamos lutar, vamos lutar um pelo outro!”.
Numa época em que diversidade é um dos assuntos mais debatidos tanto na sociedade como em grandes empresas, é importante lembrar que embora pensemos diferentes, ainda sangramos da mesma forma. Todos nós temos um coração e um cérebro e ambos órgãos deveriam trabalhar juntos, em sintonia… emoção e razão.
“Todos nós sangramos da mesma forma
Somos mais bonitos quando estamos juntos
Todos nós sangramos da mesma forma
Então me diga por que, me diga por que
Estamos divididos?”
Boa pergunta: por que estamos divididos? Por que estamos nessa de “direita” ou “esquerda”? Quem está certo ou quem está errado? Seria utopia pensar que se déssemos as mãos e caminhássemos de mãos dadas, o mundo seria bem melhor? Não era assim nas nossas brincadeiras de crianças: “Ciranda” ou de outras brincadeiras de rodas? Pois hoje mais parece brincadeira de “cabo de guerra”. Cada um puxa para o seu lado e se bobear, a corda arrebenta no lado mais fraco. Onde estão a empatia e a compaixão? Repito: coração e cérebro, emoção e razão! Em sintonia, como numa música, letra e melodia. Somos muito mais fortes (bonitos) quando unidos.
Embora competência e competição sejam escritas quase da mesma forma, seus significados são bem distintos. Entretanto, existem pessoas que ainda confundem as duas. Um grande líder, para alcançar melhores resultados, tem que manter a harmonia no ambiente de trabalho. Tem que ter aquele balanço que tanto chamamos de “jogo de cintura”. É uma questão de “mindset” (mentalidade). De querer fazer a diferença. De promover uma cultura onde existe respeito um pelo outro. Afinal, não estamos todos lutando pelos mesmos objetivos da companhia? E na sociedade, não estamos todos querendo viver em paz e harmonia, não tendo que se preocupar com o dia de amanhã? Então, para que tanta hostilidade, ódio e julgamento?
Que tal se analisarmos de um ângulo diferente? Vamos lá! Eu e você, montamos um quebra-cabeças. Que graça tem se eu lhe apresentar um onde todas as peças tem o mesmo formato e a mesma cor? De jeito nenhum! Não faz sentido! Assim somos nós, como as peças de um quebra-cabeças e para tal, sermos diferentes nos dá oportunidade de nos conectarmos melhor.
Quando ainda jovem, querendo entender sobre relacionamentos, perguntei a uma amiga casada e jamais esqueci sua resposta: “o importante não são as afinidades mas respeitar as diferenças”. Então, paira aquela dúvida no ar anos mais tarde: onde está o consenso tanto na sociedade quanto no ambiente de trabalho? Entendo que para garantir uma promoção no trabalho, é preciso destacar-se melhor. Mas o triste é ver colegas de trabalho jogando sujo e pondo em risco os objetivos da companhia para atingir seus próprios. Assim, da mesma forma, ver famílias divididas e cada qual querendo o que é melhor para si próprio ao invés do bem estar de todos.
Eu não sei a sua opinião sobre este assunto, mas eu trabalho para uma companhia há mais de vinte anos e cresci usando os meus próprios talentos e promovendo uma cultura onde “lutamos uns pelos outros”. Mesmo diante de um concurso para ver quem é o melhor, eu colaboro com todos, sugerindo ideias e estratégias pois no final, não importa o resultado de cada um e na verdade quem é o melhor, mas como crescemos juntos e como atingimos os resultados que beneficiam a companhia. Claro que cada um de nós tem as suas habilidades e talentos que considero únicos e quando colocados em prática, mostram quem realmente faz a diferença.
“Todos nós sangramos o mesmo”, diz a música de Mandisa que insiste em brincar na minha mente, principalmente quando em época de eleições nos EUA. Não importa quem está certo ou errado, mas o quanto nos importamos uns com os outros. Não importa quem perde ou quem ganha, mas o sentimento de humanidade que nos difere de pessoas comuns com mentes comuns.
Uma pessoa de mentalidade de crescimento, que acredita na possibilidade de um mundo melhor, busca ideias e estratégias para promover a paz e a harmonia tanto no seu ambiente de trabalho, quanto em casa e na sociedade. Ela não quer estar certa, ela quer ser justa. Ela não busca os seus próprios interesses, mas o que é melhor para sua família, seus funcionários ou colegas de trabalho, sua comunidade, enfim, para todos a sua volta.
Uma vez mais: Quer transformar o mundo? Transforme-se primeiro! O mundo não precisa de gente que briga, mas de guerreiros que lutam uns pelos outros.