Projeto, que recebeu o nome de Júlia, tem na coordenação Aline e Dijalma, pais de Júlia Savi, uma menina de um ano e cinco meses, com Síndrome de Down, e ajuda familiares de pessoas com necessidades especiais
Sombrio
Ao receber o diagnóstico de que o filho ou filha possui alguma deficiência ou síndrome, a reação da maioria dos pais é semelhante. No início, vem o luto. A criança está viva, o que morre é a expectativa, normal, diga-se de passagem, de que ela seja o que é considerado normal e perfeita.
Depois desse primeiro momento é que o comportamento dos pais muda. Alguns permanecem no luto por muito tempo, inclusive negando a realidade; e outros trocam o luto pela luta e conseguem até estender a mão a outras pessoas.
Quando a bebê de Aline e Dijalma Savi nasceu, eles tinham sido alertados durante o acompanhamento pré-natal, da possibilidade de alguma necessidade especial. Mesmo assim foi um susto, principalmente para Aline, quando a pequena Júlia nasceu com Síndrome de Down. “Eu não sabia nada sobre isso, e só pensava se a minha filha ia falar, caminhar, como seria”, conta a mãe.
Dijalma tinha convivido anteriormente com pessoas com deficiências e aceitou a situação com mais facilidade. Além disso, percebeu a necessidade de apoio à esposa e precisava estar presente. “Também me assustei um pouco, mas logo descobri que a Júlia nos proporciona aprendizado todo dia, e a participação do pai é fundamental”, diz.
O casal foi em busca de ajuda especializada e ainda antes de completar um mês de vida, a menina começou a frequentar o programa de estimulação da Apae de Sombrio. “Eu confesso que tinha preconceito com a Apae, e então descobri o quanto é um lugar maravilhoso. Aprendi também que a síndrome não é tudo o que eu pensava”, afirma Aline.
Foi nas salas de espera de atendimento para a filha caçula, o casal tem outra menina de oito anos, que Aline conheceu mães vivendo dramas que ela já tinha passado. Nestas horas, Aline pensava que um dia talvez pudesse auxiliar outras famílias com trocas de experiência, e a oportunidade surgiu antes do que previa.
Sombrio Vida
A Igreja Batista de Sombrio é parceira da entidade Associação Sombrio Vida, que atende pessoas em busca de ajuda emocional, espiritual, psicológica, financeira e de trabalho. A associação possui alguns grupos de apoio específicos, e um deles, em atividade desde o ano passado, reúne pais e familiares de pessoas com algum tipo de necessidade especial. Aline e Dijalma ajudam a coordenar o projeto, que recebeu o nome de Júlia. O grupo está crescendo, assim como Júlia Savi. Com um ano e cinco meses, a menina se desenvolve de forma natural, dentro das características de quem tem Down. Aliás, como qualquer ser humano que se desenvolve dentro das suas características e limites.
O Projeto Júlia realiza encontros mensais, não tem nenhum custo e é aberto a qualquer denominação religiosa.
“A participação em um grupo de apoio ajuda às famílias a descobrirem que não estão sozinhas. Muitas querem encontrar um culpado para a situação, mas não existe culpado”, explica o apóstolo Siel Souza, um dos fundadores da Sombrio Vida. Siel atua em várias áreas de aconselhamento e palestras baseado na fé cristã e nos conceitos da inteligência emocional.
Às vezes, os adultos precisam mais de ajuda do que as próprias crianças, e o grupo está com as mãos estendidas.