Sombrio
A pandemia provocada pelo novo coronavírus acabou com as festas (pelo menos as oficiais) e com o barulho das multidões reunidas. O isolamento beneficiou o silêncio e a concentração. Difícil para a maioria dos jovens, mas não para Yasmin Nagel, de 16 anos, moradora de Sombrio. Ela está acostumada a se manter longas horas sem falar, com os olhos e o pensamento fixos em um tabuleiro de xadrez.
Saudade, a adolescente só estava das competições, todas canceladas em 2020. Este ano, elas estão voltando a acontecer e nas primeiras que participou, na última semana de janeiro em Florianópolis, Yasmin obteve excelentes resultados. Ficou em quarto lugar na categoria sub 18 feminino, e em primeiro lugar na categoria School Open (aberto escolar). As medalhas se juntaram a dezenas de outras já conquistadas em competições de nível como a Olesc e a de primeiro lugar no campeonato brasileiro em sua categoria.
O pai, Osvanir Nagel, acompanhou a filha durante dois dias de competição, e teve que ficar fora do ginásio onde eram disputadas as partidas. Para evitar aglomero, somente os participantes e árbitros permaneceram no local. O apoio da família sempre foi grande. “O efeito do xadrez é muito positivo para às crianças e jovens. Devia fazer parte do currículo escolar”, defende Osvanir. Foi na escola, aos 10 anos de idade, que Yasmin começou a se interessar pelo jogo, com incentivo de professores voluntários. Não pretende mais parar. “Eu não sei ainda o que vou fazer profissionalmente, sei que vou continuar jogando xadrez e quero chegar a mestra”. Para isso, a dedicação é diária, treinando jogadas e táticas.
Sombrio possui há mais de 15 anos um clube de xadrez, que reúne apaixonados por este esporte ainda pouco popular, apesar da beleza e de todos os benefícios que traz. Mesmo com essa tradição, Yasmin compete pelo município de Criciúma. O presidente do clube, Athauan Pereira Machado, explica que o esporte é melhor estruturado na Capital do Carvão. No entanto, o clube consegue despertar o gosto pelo xadrez e ensinar o fundamental para que os interessados depois alcem voos mais longos, e ainda organiza competições que ajudam os participantes a ganharem experiência. Por enquanto as competições presenciais continuam suspensas.
A enxadrista sombriense estuda no IFC, o Instituto Federal Catarinense, e seu desejo é se tornar mestre em xadrez, posição alcançada através de experiência e um rígido sistema de pontuação.