Quem de nós nunca ficou um pouco mais na cama, mesmo depois do alarme insistentemente nos alertar que chegou a hora?
Ah, e aqueles dias de inverno em que a coberta nos enlaça dos pés à cabeça de uma forma tão aconchegante que é difícil desconectar-se dela? E quando a chuva soa forte no telhado mais parecendo uma canção de ninar?
Há dias em que a gente se envolve com essa tal preguiça de uma forma que mais parece um episódio apresentado por Rod Serling (Além da Imaginação/A Quinta Dimensão).
Fechamos os olhos e, por instantes, fugimos para um lugar onde não há dor, ansiedade, medo ou qualquer outra perturbação da mente.
Porém há dias que precisamos dizer um “basta!” e encarar tudo de frente. A preguiça pode roubar os seus sonhos. Já roubou alguns meus e de muita gente que eu conheço.
Ela vem de mansinho, oferecendo conforto e aconchego. Há quem deixe de ir trabalhar ou atrasa-se constantemente para o trabalho só porque não consegue sair daquela zona de conforto.
Certas pessoas parecem viver numa bolha, isolados do mundo, passando horas e horas no “nada para fazer” sem se darem conta que aos poucos, acabam por criar uma rotina que mais tarde pode transformar-se em pesadelo.
Quando falta motivação, deixamos para depois e depois, e o acúmulo de tarefas vai roubando mais energia e criando aquele sentimento de fracasso e negativismo.
Dr. David D. Burns escreveu em seu livro “Feeling Good” (Sentindo-se Bem), um capítulo voltado para o “Não Fazer Nada” e nos dá dicas de como vencer esse sentimento que rouba a nossa motivação, força de vontade e consequentemente a nossa alegria.
“Seu erro é acreditar que a motivação vem primeiro e depois leva à ativação e ao sucesso. Mas geralmente é o contrário; a ação deve vir primeiro e a motivação vem depois”, conclui Burns ao nos questionar quem vem primeiro: motivação ou ação?”

Quando menina, ouvi na escola a historinha do Coelho e a Tartaruga onde os dois apostaram uma corrida. Você deve imaginar que o coelho saiu na frente com grande vantagem, mas logo ficou sem ânimo e a tartaruga acabou passando por ele, ganhando a competição.
Muitas pessoas são como o coelho. Na mesma velocidade que a motivação vem, ela vai. Esse tipo de gente começa um projeto e logo em seguida o abandona.
Pessoas como a tartaruga são mais disciplinadas. Elas não precisam estar motivadas para chegarem aonde querem. Elas mantêm em mente o seu propósito e seguem confiantes em direção ao ponto almejado. Sabe por quê? Porque elas focam na recompensa e a melhor delas é o sentimento de dever cumprido. Esse sentimento é único e pode durar a vida inteira.
O sentimento de dever cumprido toca a mente, a alma, o corpo e o coração. Tudo em sintonia, nos trazendo grandes benefícios e um bem-estar tão grande que nos motiva a seguir em frente não importando as tempestades e desafios pelo caminho.
No livro “O Poder da Disciplina Mental” Ian Tuhovski diz que autodisciplina é na verdade “a capacidade de permanecer positivo e se adaptar diante dos desafios ou de se esforçar mesmo quando ninguém mais estiver olhando”.
Então, vale lembrar que não é a motivação que irá nos manter avante e firme no nosso propósito, mas sim a nossa força de vontade de querer chegar lá, aliada à autodisciplina.
Ou seja, não precisamos que alguém nos diga ou nos incentive o tempo inteiro, pois o necessário para que isso aconteça está em nós.
Quer perder peso ou manter-se em forma? Quer iniciar uma dieta? Um novo curso? Uma nova profissão ou um novo empreendimento? Está esperando o que?
Saia da sua zona de conforto! Mexa-se! Salte da cama ou da poltrona!
Lembre-se: pessoas de mentalidade de crescimento não esperam oportunidades baterem à porta ou caírem do céu! Elas vão em busca ou criam oportunidades!
“Mate a sua preguiça!” dizia um técnico de basquetebol aqui nos EUA em um vídeo motivacional que ouvi outro dia. “Pare de deixar a sua preguiça controlar a sua paixão!”
Então lembrei-me: quantas vezes sonhos são deixados de lado porque insistimos em ficar no comodismo?
Quantas ideias continuam engavetadas e quantas oportunidades são perdidas simplesmente porque não temos motivação suficiente para fazer um esforço extra e enfrentar qualquer obstáculo para chegar lá?
Pois o que nos falta então é essa tal de disciplina mental. Essa habilidade de controlar os nossos pensamentos e não deixar nada nos impedir de atravessar a linha de chegada.
Maldita zona de conforto que rouba nossa alegria de desfrutar os melhores prazeres da vida e ter tempo de qualidade com as pessoas que amamos!
Acabe com o que está acabando com os seus sonhos!
Salte para a vida! Não como um coelho que começa e não termina a corrida porque é movido pela motivação, mas como a disciplina da tartaruga que chega lá, não importa quando.
Acorde! Levante-se! O mundo não pára perante a sua inércia e só vence na vida os que ousam em alçar voos altos.