Neste mês, Erechim, onde nasci, marca 20 anos de uma tragédia que deixou uma marca indelével na cidade. Em 22 de setembro de 2004, um acidente devastador levou a vida de 16 estudantes e uma monitora quando um ônibus escolar caiu em um lago, roubando a vida de jovens promissores e deixando cicatrizes profundas em suas famílias e na comunidade.
Eu não morava lá na época, mas lembro vividamente de 2009, quando fui o repórter designado para a cobertura da sentença de pronúncia – iriam a júri por homicídio doloso qualificado. Tive a dolorosa tarefa de informar às famílias enlutadas. Lembro-me do desespero e da tristeza nos olhos dos pais ao falarem sobre seus filhos perdidos. Um pai me disse: “Olho para o banco e lembro deles com a mochila, aguardando o ônibus chegar.” Outra mãe desabafou: “Pela janela da cozinha, enxergo o cemitério e vejo o túmulo da minha filha.”
Hoje, ao levar minha esposa e filha para o trabalho e ver as manobras apressadas de carros e ônibus escolares, não consigo não lembrar dessas famílias. A memória das vítimas e a dor das famílias são um lembrete sombrio da importância de priorizar a segurança acima da velocidade e da conveniência.
Cada dia, pais e motoristas enfrentam a tentação de se deixar levar pela pressa, mas o custo desse comportamento pode ser muito alto. Cada manobra imprudente, cada avanço apressado pode ser o que separa a vida de uma tragédia.
Esse caso é apenas um caso entre tantos. Mas que a lembrança dos jovens de Erechim nos inspire a sermos mais conscientes e prudentes. Que a tragédia de 2004 nunca seja esquecida, e que sua memória sirva como um alerta contínuo para que nunca subestimemos a importância da segurança no trânsito. Que possamos, em nossa rotina diária, escolher a cautela e o respeito pela vida acima de qualquer pressa. A dor e a saudade não são passageiras.