sábado, 23 DE agosto DE 2025
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No Dia da Mulher, elas falam de lutas e conquistas

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Março é considerado o Mês da Mulher, período em que elas ganham maior visibilidade em campanhas, discussões e ações sociais. Porém, o protagonismo e a luta das mulheres se estende por todo o ano e, para a maioria delas, começa desde o início da vida adulta. Com esperança e determinação, elas vão abrindo caminho.

Para algumas, o caminho ainda é trilhado quase que exclusivamente por homens. A psicóloga Gislane Dias Cunha tem uma profissão em que as mulheres predominam. Mas escolheu outro rumo, onde os homens é que mandam, digamos assim: a política. Provando que a mulher pode ser o que quiser, Gislane hoje é a primeira prefeita de Sombrio, e a única desta legislatura entre os 15 municípios da região. “Já fui muita reunião em que só tinha eu de mulher. Às vezes, chego nos encontros em outras regiões, e me perguntam se eu sou secretária municipal. Não fazem esse tipo de pergunta aos meus colegas homens. A mulher pode ser o que quiser, basta acreditar no seu próprio potencial”, defende.

Gislane Cunha hoje é a primeira prefeita de Sombrio, e a única desta legislatura entre os 15 municípios da região

Essa crença, de que tem valor e capacidade, precisa ser ainda maior para uma mulher negra que veio de uma família humilde. Selma Wolff conhece bem essa realidade. Foi diarista, empregada doméstica e enfrentou a pobreza e o preconceito até se formar em História e ser professora. O preconceito, aliás, ela ainda enfrenta. “Ser mulher e negra nesse país é muito difícil. Hoje estou onde gostaria de estar, e toda mulher pode, desde que vá à luta”, diz.

Selma Wolff foi diarista, empregada doméstica e enfrentou a pobreza e o preconceito até se formar em História e ser professora

Espaços conquistados 

A jovem Araceli Mariane, graças às lutas de outras gerações de mulheres, teve uma trajetória menos conflituosa na questão de gênero. Mesmo assim, vive a rotina de tentar conciliar, da melhor forma possível, o papel de mãe de um bebê de seis meses e a profissão no setor da Odontologia, com especialidade em harmonização facial. “Atendo muitas mulheres que saem da clínica com a autoestima elevada, isso é o mais gratificante. Depois dos procedimentos, elas ficam mais felizes”.

Araceli Mariane vive a rotina de tentar conciliar, da melhor forma possível, o papel de mãe de um bebê de seis meses e a profissão no setor da Odontologia

A busca pela felicidade pode significar se libertar de padrões de beleza impostos principalmente ao sexo feminino, e que acarretam em sofrimento. É aí que entra a psicóloga e cabeleireira Talita Ferraz. No salão de beleza em que trabalhava, ela se dedicava a transição capilar, processo que consiste em deixar as madeixas mais naturais. “As mulheres, de maneira geral, não gostam de cabelos crespos e ficam fazendo alisamentos. É a tentativa de se enquadrar em um padrão ideal”, analisa. Recém-formada em psicologia Talita, por coincidência, tem atendido somente mulheres em seu consultório.

A psicóloga recém-formada, Talita Ferraz, que atendia mulheres quando cabeleireira, por coincidência, tem atendido somente mulheres em seu consultório

Se as mulheres são a maioria no cuidado com o corpo e a mente, são a maioria também em quase todos os cursos da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tanto que a reitora da Unesc é uma mulher, assim como a diretora do polo da universidade em Araranguá. Izabel Regina de Sousa sempre gostou de estudar, conquistou um lugar de destaque na educação superior e vibra com as conquistas femininas. “Eu sinto orgulho sempre que vejo uma mulher ocupando um ligar de liderança. Isso tem sido mais comum, mas ainda temos muito espaço a conquistar”, analisa.

Izabel Regina de Sousa sempre gostou de estudar, conquistou um lugar de destaque na educação superior e vibra com as conquistas femininas

Medos e vitórias 

A mulher pode realmente se dedicar ao que quiser, inclusive a religião. Ser freira não é abrir mão do mundo, é somente uma escolha feita por uma mulher. Parece óbvio, no entanto, a irmã Idalis Lúcia Macarini, da congregação das Sacramentinas, instalada em Sombrio, faz um desabafo: “As pessoas não nos veem como mulheres. Eu senti o chamado da vocação aos 15 anos de idade, e tinha muitos questionamentos, como as outras meninas”. É um dos exemplos de que a mulher pode se sentir feliz e completa mesmo sem casar, ser mãe ou seguindo regras para alguns consideradas rígidas demais, desde que seja escolha sua.

Irmã Idalis Lúcia Macarini, da congregação das Sacramentinas, instalada em Sombrio, faz um desabafo: “As pessoas não nos veem como mulheres”

Quando são as circunstâncias que obrigam a escolha, a mulher precisa ter uma coragem ainda maior para seguir em frente. Esta é a história da presidente da CDL de Sombrio, Paloma Corvalan. Aos 16 anos, ela veio do Chile para o Brasil trazida pela mãe, e aqui construiu sua trajetória. As batalhas e perdas, a começar pela da própria pátria, foram muitas, apesar disso, ela mantém a fé. “Os tempos são melhores, tudo evolui, eu tenho esperança”, fala.

Presidente da CDL de Sombrio Paloma Corvalan veio do Chile para o Brasil aos 16 anos, trazida pela mãe, e em Sombrio construiu sua trajetória

Luci Melo também é lojista em Sombrio como Paloma. Sempre foi batalhadora e criativa, e durante a pandemia teve que buscar forças dentro de si e na família para não desistir. “Trabalho com roupas para festas e eventos, o setor mais afetado nestes dois últimos anos. Várias vezes me disseram para desistir da loja, e não aceitei. Já sou avó, porém, tenho muitos sonhos a realizar”.

Luci Melo trabalha com roupas para festas e eventos, o setor mais afetado nestes dois últimos anos. “Várias vezes me disseram para desistir da loja, e não aceitei”

Iara Cezário Pereira trabalha em uma agroindústria, e garante que às mulheres que atuam na agricultura familiar são empoderadas, buscando sempre qualificação profissional e qualidade de vida.

Iara Cezário Pereira falou sobre a mulher no campo e sobre o empreendedorismo feminino rural

Todas as mulheres desta reportagem participaram de um encontro promovido pelo jornal Correio do Sul, Rádio 93.3 FM e Portal C1. “Foi uma alegria receber este grupo querido. Sei que para estarmos aqui hoje, falando de conquistas, outras mulheres sofreram antes de nós”, lembrou a coordenadora do projeto Alissandra Paganini.

Alissandra Paganini recepcionou todas as mulheres para um bate papo descontraído

Todas falaram de desafios e medos superados. A editora do Correio Sul, Gislaine Fontoura, ressaltou a experiência de criar o filho sozinha. “Eu temia não dar conta de botar comida na mesa, de cuidar dele, mesmo com o apoio valioso da minha família. Depois percebi que dava conta sim, e hoje é mais fácil, criei meu filho e conquistei meu espaço profissional”, enfatizou.

Gislaine Fontoura, ressaltou a experiência de criar o filho sozinha, mesmo com o apoio da família. “Eu temia não dar conta. Depois percebi que dava conta sim e tudo foi ficando mais fácil”

Todas são vencedoras, e todas sabem que outras batalhas precisam ser vencidas.

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