A relação entre preferências musicais e traços de personalidade tem sido objeto de estudo por um longo tempo, e um artigo recente publicado no Journal of Personality and Social Psychology trouxe novas perspectivas ao analisar essa relação em uma escala global. Os resultados apontam para correlações notáveis entre tipos de personalidade e gêneros musicais, independentemente da localização geográfica.
Os pesquisadores empregaram uma estrutura que categoriza gêneros musicais em cinco tipos principais: suave, despretensioso, sofisticado, intenso e contemporâneo. Por exemplo, gêneros como soft rock e R&B foram agrupados como “suave”, enquanto música country se enquadrou em “despretensioso”. Jazz, rock e rap, entre outros, foram classificados como “sofisticado”, “intenso” e “contemporâneo”, respectivamente.
Da mesma forma, os tipos de personalidade foram categorizados de acordo com um modelo amplamente aceito em psicologia, compreendendo abertura, consciência, extroversão, agradabilidade e neuroticismo. Cada uma dessas categorias representa traços de personalidade distintos, como ser inventivo, diligente, extrovertido, amigável ou nervoso.
Dois estudos independentes foram conduzidos para avaliar as preferências musicais. O primeiro analisou dados de quase 285 mil indivíduos de 53 países, coletados por meio de questionários online. Nesse estudo, os participantes avaliaram suas preferências musicais em troca de feedback sobre suas personalidades.
O segundo estudo envolveu mais de 71.000 participantes de 36 países, que preencheram um questionário e avaliaram clipes de áudio de diferentes gêneros musicais. Os clipes foram apresentados de forma a minimizar qualquer viés decorrente de experiências anteriores, garantindo uma avaliação imparcial.
Os resultados revelaram algumas correlações interessantes. Por exemplo, os gêneros musicais suaves eram mais preferidos por mulheres, enquanto os gêneros intensos eram mais populares entre os homens. Essa preferência por músicas suaves entre as mulheres foi consistente em todos os países estudados. No entanto, a preferência por músicas intensas entre os homens variou, com homens do Hemisfério Ocidental demonstrando uma maior afinidade por esse gênero, enquanto os do Hemisfério Oriental, excluindo a Austrália, não compartilharam a mesma preferência.
Curiosamente, entre os idosos, poucos mostraram tolerância à música intensa, preferindo gêneros suaves, despretensiosos ou sofisticados. Essas preferências musicais de pessoas mais velhas se assemelharam às dos asiáticos de todas as idades. Por outro lado, os negros e latinos mostraram uma inclinação maior em relação à música contemporânea.
Esses resultados demonstram que as preferências musicais podem ser indicativas de traços de personalidade em escala global, fornecendo insights valiosos sobre como a música reflete aspectos intrínsecos de quem somos.
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