Ainda que a lógica sugira que o MDB catarinense deva entrar na gestão do governador Jorginho Mello (PL), partido ainda não conseguiu chegar a um consenso em relação ao tema. Por se tratar de uma legenda gigante, por óbvio, as opiniões dos principais caciques acabam não tendo sintonia fina.
Grosso modo, pode-se dizer que metade dos parlamentares estaduais e federais do MDB querem entrar no governo e a outra metade não. Mas não se trata de um não retumbante. Trata-se de um não que pode se transformar em sim, se Jorginho ceder mais do que está oferecendo. Em princípio, a oferta é a Secretaria de Estado da Infraestrutura, mas não como um pacote fechado. Vários cargos relevantes dentro desta pasta já foram indicados pelo governador, e nenhum de expressão é do MDB. Caberia ao partido, então, o comando do setor, mas com uma gestão amarrada ao gabinete do governador.
Se Jorginho entregar a Secretaria da Infraestrutura com a chave na porta, e acenar com mais uma ou duas pastas relevantes, as resistências do MDB se dissipam. Caso contrário, a tendência de que o partido se mantenha neutro diante da gestão estadual, o que não significa, necessariamente, estar na oposição.
Este risco para o governador é real, já que, paralelo a participar ou não do governo, o MDB sabe que precisará se reinventar. Depois de trinta anos de amarras, finalmente o partido virou sua página histórica e uma nova geração está assumindo seu controle, através de figuras como o presidente estadual da legenda, o deputado federal Carlos Chiodini, do presidente da Assembleia Legislativa, Mauro de Nadal, e de caciques como os deputados estaduais Valdir Cobalchini e Antídio Lunelli. A geração Luiz Henrique da Silveira, Paulo Afonso Viera e Eduardo Moreira fazer parte do passado.
Se para o MDB, de fato, o objetivo é disputar o Governo do Estado com candidatura própria em 2026, não há como se postar contra a tese da neutralidade diante do governo de Jorginho Mello. O problema é que neutralidade custa caro, ainda mais para um partido que tem cem prefeituras a espera de recursos estaduais. Para contentar suas duas teses, o melhor é que o MDB entre agora, e saiu daqui a dois anos, para construir seu próprio caminho. Como já dizia Buda, o melhor caminho sempre é o caminho do meio.
Progressistas oficializa entrada no governo de Jorginho
Progressistas entrou oficialmente no governo de Jorginho Mello (PL). O partido acertou ontem, em Tubarão, o ingresso na gestão estadual. O martelo foi batido em uma mesa redonda com a presença do prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP). Os deputados estaduais José Milton Scheffer (PP), Pepê Colaço (PP) e Altair Silva (PP) referendaram o acordo, assim como o ex-deputado estadual Silvio Dreveck (PP), que será o futuro Secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços. Interessante observar que nenhum integrante da família Amin participou do ato, dando a entender que o Progressistas está a fim de mudar o rumo de sua história definitivamente, depois de 40 anos de cativeiro. Vale lembrar que o deputado estadual licenciado, Estener Soratto (PP), já é o atual Secretário de Estado da Casa Civil de Jorginho Mello.
Mauro de Nadal quer MDB na disputa em 2026
Conversei ontem com o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro de Nadal (MDB). Ele se mostrou firmemente imbuído do desejo de trabalhar pela reestruturação de seu partido, que nos últimos dois pleitos estaduais sequer conseguiu chegar ao segundo turno da eleição catarinense. Em linhas gerais, Mauro acredita que para que o MDB se fortaleça para o pleito de 2026, será necessário independência em relação ao governo de Jorginho Mello, sem, no entanto, obstruir das pautas do governador. Na sua visão, o ingresso oficial do MDB no governo de Jorginho pode ser interpretado, desde já, como um acesso do partido ao projeto de reeleição do atual governador, o que contradiria o desejo da legenda de disputar o Governo do Estado na próxima eleição. Embora não tenha dito, nota-se que Mauro postula, pessoalmente, algo maior para 2026.