O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou a candidatura de seu filho número dois, Carlos Bolsonaro, ao Senado Federal por Santa Catarina. Bolsonaro disse que tomou esta decisão após conversas com Carlos, que é vereador na cidade do Rio de Janeiro, e também com o governador Jorginho Mello (PL). Com Jorginho ele teria pactuado uma partilha, no que diz respeito as duas vagas de candidatura ao Senado por Santa Catarina. Em princípio, estas duas vagas serão compartilhadas respectivamente pela atual deputada federal Carol De Toni e por Carlos Bolsonaro.
O ex-presidente argumenta que Carlos não pode disputar o Senado pelo Rio de Janeiro porque seu filho número um, o senador Flávio Bolsonaro, já disputará a reeleição no ano que vem pelo Estado. Já em São Paulo, uma das vagas do PL ao Senado está reservada ao filho número três, o atual deputado federal Eduardo Bolsonaro. Uma disputa por Brasília também está descartada, pois no Distrito Federal a vaga ao Senado já está reservada para Michele Bolsonaro.
Isto, pelo menos, é o que está mapeado até o momento, com Jair Bolsonaro levando em conta que concorrerá à Presidência da República, mesmo estando inelegível até 2030 e na iminência de ser preso por supostamente ter arquitetado um plano para um golpe militar no país no final de 2022.
Caso de fato ele não possa concorrer ao comando do Palácio do Planalto, os nomes de Michele e de Eduardo serão testados em pesquisas de intenção de voto, para auferir a possibilidade de um projeto como este, para um ou para outro. Pelas pesquisas publicadas até agora, nem Michele, nem Eduardo, teriam chances de vitória contra o presidente Lula da Silva (PT) no segundo turno. Em um cenário como este, o destino de Carlos Bolsonaro seria mesmo concorrer ao Senado por Santa Catarina.
Com a imposição do ex-presidente Bolsonaro, a federação União Progressistas, que tem como líder maior o senador Esperidião Amin (PP), deverá ser empurrada para o lado do pré-candidato ao Governo do Estado pelo PSD, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, o que pode deixar a disputa estadual bastante equilibrada no ano que vem. Além da federação composta por União Brasil e Progressistas, João Rodrigues também está apostando suas fichas no PSDB, e em uma aliança com a esquerda no segundo turno, caso ele vá para a segunda etapa da eleição com Jorginho Mello.
No que diz respeito a obsessão de Jair Bolsonaro para ter a família toda no Senado, a mesma está vinculada ao seu desejo de ter o controle da Câmara Alta, para de lá dar as cartas do jogo político no país. Sua primeira jogada seria promover o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, com Alexandre de Moraes sendo o primeiro da lista.
Finais
Vale lembrar que a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado pelo PL de Santa Catarina não afasta apenas Esperidião Amin da base de apoio de Jorginho Mello. Vários políticos do próprio PL podem cruzar os braços diante da ditadura bolsonarista em nosso Estado. Situação, aliás, que pode se agravar, resultando no rompimento de líderes estaduais do PL com o governador. Uma destas figuras, que está de nariz torcido, é a deputada federal criciumense Júlia Zanatta, que esperava ser a companheira de dobradinha de Carol De Toni ao Senado Federal. Ela já foi convidada para migrar para o PSD, por onde poderia concorrer como candidata a senadora, apoiando o projeto de João Rodrigues. Neste caso, ao invés de fazer dobradinha ao Senado com Carol De Toni, Júlia Zanatta poderia fazer dobradinha com Esperidião Amin, pela oposição.
O governador Jorginho Mello retornou ao comando do governo de Santa Catarina na manhã de ontem, após uma missão na Ásia. Por conta disto, nos últimos onze dias o presidente do Tribunal de Justiça, Francisco de Oliveira Neto, conduziu a gestão estadual. Jorginho destacou que a missão foi produtiva, focada em mostrar as potencialidades do Estado e buscar investimentos em países como a China e o Japão. Oliveira Neto afirmou que encontrou o Estado preparado para atender às demandas da população, com uma equipe que ele classificou de altamente comprometida e humanitária. A vice-governadora Marilisa Boehm (PL) não assumiu o governo no lugar de Jorginho Mello porque estava em missão na Europa. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD), estava licenciado de suas funções.