Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi tornado réu, ontem, pelo Supremo Tribunal Federal, acusado de liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão do STF não pegou ninguém de surpresa, mesmo porque o inquérito que serviu de base para que a Procuradoria-Geral da República oferecesse denúncia ao judiciário foi feito pessoalmente pelo ministro Alexandre de Moraes. Também não será nenhuma surpresa a condenação e consequente prisão de Bolsonaro, fato que segue, aliás, o mesmo roteiro que levou o presidente Lula da Silva (PT) para a prisão. Somadas as penas de todas as acusações contra o ex-presidente, ele poderá pegar até 43 anos de cadeia.
A partir de agora será armado um grande circo em torno do julgamento, com defensores e acusadores se utilizando de uma incomensurável verborréia para enaltecer suas teses. Tudo, na verdade, uma grande perda de tempo, até porque Bolsonaro já está julgado. A única questão é decidir qual o melhor momento de prendê-lo, ou, pelo menos, de tentar prendê-lo.
É muito provável que a sentença não seja proferida antes da eleição presidencial do ano que vem, pois isto serviria de combustível para insuflar os ânimos da direita nacional, contra o projeto de reeleição do presidente Lula da Silva (PT). Dentro da lógica do que está sendo feito até agora, o mais provável é que os próximos meses sejam dedicados a uma extenuante ofensiva de desmoralização de Jair Bolsonaro, com o objetivo de torná-lo persona non grata perante a opinião pública, com o ápice desta ofensiva sendo desencadeada no período eleitoral do ano que vem, a ponto de nenhum político querer colar a sua imagem a dele.
A verdade é que o grande crime de Bolsonaro foi bater de frente contra o sistema. Ao enfrentar, sem papas na língua, o judiciário, os grandes veículos de comunicação jornalística, as grandes empresas que viviam mamando nas gordas tetas do Governo Federal, ele acabou cavando sua própria sepultura política. O fato é que não há como querer estar no poder se voltando contra o próprio poder. O posicionamento de Bolsonaro acabou fazendo com que ele se tornasse um estranho no ninho, que só não foi decapitado antes porque contava com apoio popular.
Finais
- Projeto de lei que exige a apresentação de exame toxicológico, com resultado negativo, como condição para a matrícula de alunos em universidades públicas estaduais, foi aprovado ontem pela Comissão de Finanças e Tributação da Assembleia Legislativa. Esse teste laboratorial, que deve ter uma janela de detecção de 180 dias, precisa ser realizado no máximo 60 dias antes da entrega do documento à instituição de ensino superior. O deputado criciumense Jessé Lopes (PL), autor da proposta, argumenta que os contribuintes catarinenses não devem arcar com impostos que sustentam universidades frequentadas por indivíduos envolvidos com drogas, os quais, segundo ele, estão apoiando o tráfico e o crime organizado. Seria bastante interessante que nos municípios um projeto neste sentido fosse apresentado pelos vereadores, voltado a proibição de contratação de professores que usem drogas ilícitas.
- Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT, cortou R$ 400 milhões que estavam programados para serem investidos nas rodovias federais de Santa Catarina neste ano. Em princípio, o órgão não especificou quais rodovias deixarão de ser contempladas com recursos federais, mas sempre é bom lembrar que a Serra da Rocinha, em Timbé do Sul, está inserida no plano rodoviário federal, e, portanto, é passível de ter suas obras de pavimentação atingidas pelo corte orçamentário. A Rocinha, aliás, sempre é a primeira da lista quando o DNIT anuncia a diminuição de verbas para Santa Catarina. Não à toa as obras de sua pavimentação estão se arrastando há mais de uma década, sem expectativa de curto prazo para sua conclusão. Esperança agora é que o presidente do Fórum Parlamentar Catarinense, que é o deputado Pedro Uczai (PT) consiga convencer o presidente Lula da Silva a reverter esta situação.
