Com o PSDB caminhando a passos largos para sua extinção, o MDB e o PSD nacionais têm rivalizado, cada qual querendo convencer os tucanos que é a melhor opção para uma fusão com o partido. Historicamente, o PSDB é mais afinado com o MDB, afinal de conta foi dele que o partido surgiu, trazendo consigo lideranças como o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador de São Paulo, Mário Covas, baluartes da política brasileira, e figuras chave no processo de redemocratização do país.
Neste momento, no entanto, o PSD parece ser a bola da vez, em nível nacional. O partido tem crescido de forma exponencial, e foi aquele que conseguiu obter o melhor desempenho nas eleições municipais do ano passado, na grande maioria dos Estados.
Em Santa Catarina, nitidamente se observa uma maior aproximação dos políticos estaduais do PSDB com o PSD, ainda que na Assembleia Legislativa os tucanos estejam no mesmo bloco parlamentar do MDB. Muito provavelmente isto está ocorrendo porque o PSD demonstra ter um projeto estadual para 2026, ao contrário do MDB.
Mas na prática, em nosso Estado, nada impede que a deputada federal Geovânia de Sá, e os deputados estaduais Vicente Caropreso e Marcos Vieira, assim como os 13 prefeitos, 26 vice-prefeitos e 176 vereadores do partido, busquem abrigo na legenda que melhor lhes convier. Em caso de extinção, incorporação ou fusão partidária, os detentores de mandatos eletivos ficam totalmente liberados para se filiarem aonde quiserem.
Outras legendas também estão de olho nos políticos tucanos, se ressaltando, neste sentido, o Republicanos, principal aliado do governador Jorginho Mello (PL). Por conta da federação partidária formada em 2022, o Cidadania, da ex-deputada federal e atual prefeita de Lages, Carmem Zanotto, também tem tentado cooptar políticos do PSDB catarinense.
Antes de qualquer coisa, no entanto, os tucanos catarinenses precisam se posicionar em relação a disputa eleitoral do ano que vem. Se a decisão for por estar com Jorginho Mello, o caminho mais curto para isto é o Republicanos. Se a decisão for por estar na oposição, o caminho mais curto, em princípio, é o PSD. É só a partir deste ponto que se poderá saber de fato qual futuro está reservado aos atuais político no PSDB de nosso Estado.
Finais
- Nesta semana, o judiciário catarinense confirmou a manutenção de uma decisão liminar que havia suspendido os efeitos de um decreto legislativo, da Câmara Municipal de Vereadores de Passo de Torres, que no final do ano passado rejeitou a prestação de conta do prefeito Valmir Rodrigues (PP), referente ao ano de 2023. O Tribunal de Contas do Estado havia recomendado ao legislativo passotorrense que votasse pela aprovação das contas daquele ano, mas isto acabou não acontecendo. Dois terços dos vereadores, todos de oposição, votaram pela rejeição. A defesa do prefeito argumentou que a rejeição se deu por motivos políticos, e visava deixá-lo inelegível, o impedindo de assumir seu segundo mandato, no início deste ano. O prefeito já havia conseguido uma liminar a seu favor, que agora foi ratificada pela juíza Gabriela Garcia Silva Rua. É muito provável que no julgamento do mérito, a decisão também seja favorável ao prefeito.
- O ex-vereador e ex-prefeito de Orleans, Jorge Luiz Koch (MDB), tem sido apontado como o substituto natural do deputado estadual Volnei Weber (MDB), caso este, de fato, não dispute a reeleição ano que vem. Jorge Luiz foi vereador do município entre 1983 e 1988, e prefeito entre 2017 e 2024. Entre 1990 e 2005 ele foi delegado de polícia da Comarca de Orleans, ganhando a popularidade necessária para alicerçar seus projetos políticos. Durante seu segundo mandato como prefeito, Jorge Luiz chegou a ser presidente da Fecam, a Federação Catarinense dos Municípios. Aos 67 anos, o ex-prefeito é um dos principais aliados do deputado Volnei Weber, tendo trabalhado de forma afincada por sua eleição em 2018 e reeleição em 2022. Resta saber agora se Volnei de fato não disputará um terceiro mandato, ou se suas declarações neste sentido são mero balão de ensaio para projetá-lo ainda mais rumo a 2026.