Deputada federal Geovania de Sá já não faz mais nenhuma questão de esconder qual será seu futuro político-partidário. A parlamentar, que é filiada ao PSDB, deverá se filiar ao PSD, na janela de transferência partidária de março do ano que vem. Na região de Criciúma, Geovania tem sido vista cada vez mais próxima do ex-prefeito Clésio Salvaro (PSD), e até mesmo tem feito visitas políticas com o ex-vereador Arleu Silveira, que será candidato a deputado estadual pelo PSD, com quem deverá fazer dobradinha ano que vem. Arleu, por sua vez, também é bastante ligado a Salvaro, e chegou a ser seu pré-candidato a prefeito de Criciúma no ano passado.
Em nossa região, os dois principais apoiadores de Geovania são os prefeitos de Balneário Gaivota, Kekinha dos Santos, e de Santa Rosa do Sul, Almides da Rosa, ambos filiados ao PSDB. No entanto, nos dois municípios o PSD faz oposição as suas respectivas gestões, o que provavelmente irá criar um grande ruído político dentro do partido diante das eleições do ano que vem. Tanto Kekinha quanto Almides, no entanto, deverão permanecer aliados a Geovania.
Em nossa região, no ano passado, o PSDB somou 11.220 votos para seus candidatos a vereador, enquanto o PSD somou 22.603, quase o dobro, demonstrando que o partido tem muito mais capilaridade eleitoral. Esta mesma realidade é constatada na região de Criciúma e de Tubarão, o que é animador para Geovania, que em 2022 amargou a primeira suplência da federação PSDB/Cidadania, e só assumiu a Câmara dos Deputados em definitivo no início deste ano, por conta da renúncia de Carmem Zanotto (Cidadania), que foi eleita prefeita de Lages.
A principal pedra no caminho de Geovania, sem dúvidas, é a candidatura a federal já anunciada do deputado estadual Julio Garcia (PSD). Em princípio, com exceção de Salvaro, todos os demais principais caciques do PSD do Sul do Estado deverão fechar com ele, em seu projeto de chegar à Câmara Federal. No entanto, nem tudo são barreiras no projeto da deputada. O deputado federal Ricardo Guidi, por exemplo, deixou o PSD e se filiou ao PL, abrindo um espaço gigantesco dentro do partido para novos projetos.
Há de se levar em conta, também, que a possível candidatura de Clésio Salvaro como candidato a vice-governador de João Rodrigues (PSD) deverá insuflar os ânimos dos pessedistas do Sul do Estado, abrindo caminho para que a legenda eleja, pelo menos, dois deputados estaduais e dois federais na mesorregião. Afora isto, também convém observar que Geovania possui um eleitorado fiel, ligado ao meio evangélico, que a acompanha independentemente do partido político em que ela esteja filiada. No fim das contas, a soma destes fatores acaba conferindo à deputada muito mais chances de eleição do que em 2022, mesmo com ela deixando o partido do qual já foi até presidente.
Finais
As críticas que o presidente do Republicanos de Santa Catarina, Jorge Goethen, tem feito a possível candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado Federal, pelo PL de nosso Estado, soa às dez digitais do governador Jorginho Mello (PL). O próprio Goethen, que foi eleito deputado federal pelo PL, em 2022, e depois deixou o partido para assumir o comando do Republicanos a convite de Jorginho, já cansou de dizer que seu partido está a serviço do governador. Foi Goethen, por exemplo, que lançou a deputada federal Carol De Toni (PL) ao Senado Federal, abrindo espaço para que o governador a referendasse. Agora, seu propósito é tirar Carlos Bolsonaro do cenário catarinense, para que a segunda vaga ao Senado, pela majoritária de Jorginho Mello, seja destinada ao senador Esperidião Amin (PP), neutralizando quaisquer tratativas que este possa ter com João Rodrigues (PSD) com vistas à 2026.
O grande problema do governador Jorginho Mello é que o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Carlos Bolsonaro, não está nem um pouco preocupado com quem vai ganhar a eleição para o Governo do Estado em Santa Catarina. Se não for Jorginho, que é filiado ao seu partido, será João Rodrigues, que é seu amigo de longa data, e talvez mais bolsonarista que o próprio governador. Por conta disto, será muito difícil que Bolsonaro abra mão da candidatura de Carlos ao Senado pelo PL catarinense. Isto só aconteceria se as pesquisas de intenção de votos dissessem o contrário. Com o espírito para lá de impetuoso, em caso de resistência do PL a sua pretensão, não seria nada estranho que Bolsonaro filiasse Carlos ao PSD, viabilizando sua candidatura ao Senado diretamente pelo partido de João Rodrigues, o que seria algo catastrófico para o projeto de reeleição de Jorginho Mello.