Governador do Estado, Jorginho Mello (PL), começou a abrir as torneiras para os municípios catarinenses. Estes dois primeiros anos de sua gestão têm sido marcados por repasses de recursos quase pessoais, aos prefeitos e prefeitas com quem ele mantém relações políticas. Daquele pacote de obras herdado pela gestão do ex-governador Carlos Moisés da Silva (Rep), praticamente nada foi liberado. Jorginho contingenciou os recursos destinas a investimentos, obviamente, para aplicá-los nos dois últimos anos de seu governo, de olho em apoio e popularidade para seu projeto de reeleição.
Aqui em nossa região, o conta-gotas de Jorginho já começou a ser utilizado. Na semana passada ele liberou R$ 3 milhões para a Prefeitura de Balneário Arroio do Silva, valor este que já estava conveniado a bastante tempo, e que será destinado à pavimentação de mais um trecho do Acesso Sul do município, que liga a BR 101 até a Praia da Caçamba.
Estes R$ 3 milhões, no entanto, compõe apenas a ponta de um iceberg, que é o montante de recursos conveniados entre as prefeituras de nossa região e o Governo do Estado na gestão passada, e cuja absoluta maioria dos valores não foram liberados ainda. Só a título de exemplificação, a rodovia Caminhos do Mar, em Balneário Gaivota, que corta o município de Sul a Norte, numa extensão de 23 quilômetros, ainda carece de um aporte financeiro de R$ 36 milhões para ser concluída. Até agora o governo só liberou R$ 5 milhões, de um total de R$ 41 milhões conveniado.
Nesta mesma toada há uma série de outras obras, como a própria continuação da Caminhos do Mar em Passo de Torres, ou ainda a ponte sobre o rio Araranguá, no Distrito de Hercílio Luz, e por aí afora, cujo somatório dos valores ultrapassam tranquilamente os R$ 100 milhões no conjunto dos 15 municípios da Amesc, sem falar nas obras de vulto, de competência direta do governo estadual, como é o caso do trecho da SC 108, entre Jacinto Machado e Praia Grande, e a Serra do Faxinal, entre Praia Grande e a divisa com o Rio Grande do Sul, na altura do município de Cambará do Sul.
É muito provável que Jorginho Mello não consiga atender a toda esta demanda, mesmo porque estamos falando de valores que em seu bojo ultrapassam os R$ 300 milhões apenas em nossa região. Todavia, o governo precisa dar respostas nos próximos dois anos, para anular a própria nulidade de como foi tratada nossa região nos últimos dois anos.
É claro que Jorginho não foi de todo ruim para o Extremo Sul Catarinense nestes dois primeiros anos de sua gestão. O Hospital Dom Joaquim, por exemplo, hoje é referencia no Sul do Estado, graças a investimentos de seu governo, como também da Prefeitura Municipal de Sombrio. O programa Estrada Boa, destinado a recuperar rodovias estaduais, também trouxe significativas melhoras a muitas de nossas SC’s, como a José Tiscoski, no trecho que liga Sombrio a Jacinto Machado, ou a 108, no trecho que liga Turvo e Meleiro.
Repasses pontuais a prefeituras da região também trouxeram certo alívio financeiro a muitos Executivos Municipais, deixando, de certo modo, marcas positivas do governo catarinense.
Mas, a grande verdade, é que os prefeitos querem mais. E querem mais porque o ex-governador Carlos Moisés prometeu muito. Aliás, ele prometia tudo! Jorginho Mello acabou ficando com a conta. Todavia, como dizem os prefeitos: “Jorginho não nos deve nada, quem deve é o governo, que assinou os convênios e criou muitas expectativas junto as populações locais”.
Finais
- Campeão na conquista de prefeituras nas eleições municipais deste em nível nacional, o PSD está cada vez mais próximo do governo do presidente Lula da Silva (PT). O partido tem votado coeso, hipotecando apoio a praticamente todos os projetos apresentados pelo Palácio do Planalto, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal. Em que pese ser oriundo do antigo PFL, tudo leva a crer que o PSD acabará convergindo de vez para o projeto de reeleição de Lula, em 2026, contradizendo uma tendência quase natural da base do partido, que é muito mais simpática ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente no Sudeste e no Sul do país. Não será de se admirar se PT, MDB e PSD puxarem uma grande aliança pró-Lula na próxima eleição presidencial, de modo a reviverem os bastidores de suas duas primeiras opulentas gestões.
- PL de Santa Catarina, que elegeu 90 prefeitos e 50 vice-prefeitos, nas eleições municipais deste ano no Estado, está apostando, através de seu comando, que a legenda irá chegar aos cem chefes de Executivo filiados ao partido já nos primeiros meses do próximo ano. Estes dez prefeitos a mais, já têm sondado, ou estão sendo sondados, para migrar com suas filiações para o PL, objetivando, claramente, ter uma maior proximidade com o governador Jorginho Mello, que é o presidente do PL catarinense. Em nossa região, por enquanto, nenhum prefeito demonstra insatisfação com sua legenda de filiação, mas é muito provável que não faltem propostas para que o prefeito de Maracajá, Aníbal Brambila (PSD), que é um grande empresário e bolsonarista de carteirinha, migre para o ninho liberal, algo que, politicamente, seria considerado totalmente natural por seu grupo político e pela população de seu município.