Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está se tornando um amigo indigesto para o governador Jorginho Mello (PL), que, obviamente, faz pose de paisagem, diante do que vem acontecendo nos bastidores da política catarinense.
Em 2022, Bolsonaro tirou da cartola a candidatura do ilustre desconhecido Jorge Seif (PL), o elegendo senador por Santa Catarina. O PL de fato ganhou uma cadeira no Senado Federal, mas Santa Catarina perdeu um representante, na medida em que Seif simplesmente não participa da política catarinense. Em dois anos e meio de mandato não esteve uma vez sequer no Sul do Estado, nem para dizer o que tem feito, e muito menos para perguntar o que precisamos. E assim tem procedido no resto de toda Santa Catarina.
No início deste ano, Bolsonaro começou a especular as candidaturas ao Senado pelo PL catarinense. Adiantou o assunto em mais de um ano, o afunilando de uma forma totalmente desnecessária. Em um grande jogo de cartas marcadas, a deputada federal Carol De Toni foi anunciada como pré-candidata ao Senado pelo partido, torrando o nome da também deputada Julia Zanatta, que também nutria expectativas neste sentido. Algo totalmente desnecessário, que acabou abrindo portas para que o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que é pré-candidato ao governo pelo PSD, passasse a conversar sobre as eleições do ano que vem com a parlamentar.
Agora, Bolsonaro começou a semear a ideia de lançar seu filho, Carlos Bolsonaro, que é vereador no Rio de Janeiro, como candidato ao Senado por Santa Catarina, em dobradinha com Carol De Toni. As chances de ambos se elegerem, de fato, são grandes, mas as chances de Jorginho Mello perder, também aumentaria bastante.
O fato é que a federação União Progressista, composta por União Brasil e Progressistas não apoiará o projeto de reeleição de Jorginho de graça. No mínimo, a federação irá querer emplacar o senador Esperidião Amin (PP), como candidato a reeleição pela coligação do governador, buscando o segundo voto do eleitor bolsonarista. A insistência no lançamento de Carlos Bolsonaro como companheiro de dobradinha de Carol De Toni jogará Amin no colo de João Rodrigues, assim como o União Brasil e o Progressistas.
Convém lembrar que os 20% de eleitores de esquerda no Estado não votarão em Jorginho, caso um representante deste viés ideológico não vá para o segundo turno. Neste caso, fatalmente estes votos convergirão para João Rodrigues na segunda etapa da eleição. O fato é que Jorginho Mello não pode se dar ao luxo de desprezar o União Progressistas, por conta dos caprichos de Jair Bolsonaro, que já provou em 2022 que articulação política não é o seu forte.
Finais
- Parceria entre o PSDB e o Podemos nem começou e já foi desfeita. As duas legendas vinham negociando uma federação ou fusão partidária, iniciativa esta que acabou não evoluindo. De forma unilateral, o PSDB colocou em votação, em convenção nacional, a incorporação do Podemos pelo partido. O Podemos, no entanto, não aceitou a proposta, mas se dispôs a incorporar o PSDB, o que também não foi aceito pelos tucanos. As duas legendas, agora, buscarão outras alternativas para se manterem vivas no ano que vem, já que sozinhas caminham a passos largos para a extinção. Se nada de inovador for feito, os dois partidos deverão sofrer uma debandada de deputados e senadores durante a janela de transferência partidária de março do ano que vem. Uma das possibilidades é a criação de uma federação multipartidária, contemplando PSDB, Podemos, MDB e Republicanos, o que transformaria o grupo no maior bloco político do país. Problema será acomodar gregos e troianos no mesmo barco.
- Pesquisa Data Folha, divulgada neste final de semana, mostra uma briga apertada no segundo turno da eleição presidencial do ano que vem, caso ele fosse disputado pelo presidente Lula da Silva (PT), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, que ouviu 2.004 eleitores, em 136 municípios do país, neste cenário Bolsonaro faria 45% dos votos, contra 45% de Lula. Em um segundo cenário, contra o governador de São Paulo, Lula faria 42% e Tarcísio de Freitas 42%. A disputa passa a ficar menos acirrada para Lula caso enfrente outros integrantes da família Bolsonaro. Nestes cenários, Lula figura com 46% no segundo turno contra 42% da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro. Em uma disputa contra Flávio Bolsonaro, o presidente faria 47% e o senador 38%. Já contra Eduardo Bolsonaro, Lula faria 46% e o deputado 38%. A pesquisa Data Folha tem margem de erro de 2%, e foi realizada nos dias 10 e 11 de junho.