Nas eleições municipais de 2024, o cenário político nacional apresentou uma mudança significativa: o eleitorado demonstrou cansaço com a disputa polarizada entre direita e esquerda, e deixou claro que está em busca de propostas objetivas e de gestores comprometidos com a solução de problemas cotidianos. Em contraste com a eleição de 2022, marcada pela intensa bipolarização ideológica e por uma retórica que colocava o debate político acima das necessidades específicas da população, o pleito municipal deste ano indicou aos candidatos que o eleitor está mesmo é preocupado com o seu dia a dia, e que não está nem aí se Pablo Vitar é homem ou mulher. Muitos candidatos que investiram em discursos de lacração, e buscaram replicar retóricas de extrema direita ou esquerda, acabaram ficando à margem do debate principal, deixando um grande espaço para candidatos focados em temas locais e práticos, como saúde, educação e infraestrutura.
O eleitor, ao que tudo indica, está exausto da eterna queda de braços ideológica que, ao longo dos últimos anos, gerou apenas uma divisão profunda na sociedade e muito pouco em termos de ações efetivas para o desenvolvimento da Nação. Os municípios brasileiros enfrentam problemas históricos e cotidianos, que vão desde a falta de saneamento básico até questões de segurança pública, saúde, educação, passando por desafios nos setores de transporte, bem estar social e por aí afora.
Essa mudança de perspectiva também reflete o cansaço com a instigação de atritos e divisões que marcaram o debate público recente. Ao invés de estimular a busca por soluções colaborativas para questões que afetam a todos, a polarização ideológica serviu apenas para intensificar o afastamento entre setores da sociedade. O eleitor brasileiro parece ter percebido que esse embate constante em nada contribui para o avanço de nosso país, e agora exige líderes capazes de unir, dialogar e implementar ações que tragam resultados práticos.
O resultado das eleições municipais de 2024 traz uma mensagem clara para os políticos: o Brasil não pode mais se dar ao luxo de desperdiçar tempo e energia em um antagonismo estéril, que não oferece respostas aos desafios reais enfrentados pela população. Em um cenário em que as dificuldades econômicas, sociais e estruturais persistem, a união e a cooperação são fundamentais. Os eleitores indicaram que querem representantes preocupados em resolver problemas, não em perpetuar disputas.
Portanto, a nova configuração da política municipal, observada tanto no primeiro, como no segundo turno, são uma oportunidade de reorientar o debate nacional, com foco no que realmente importa para a sociedade brasileira. A população clama por menos discursos polarizados e por mais ações concretas, capazes de trazer melhorias palpáveis para todos.
Finais
- Passadas as eleições municipais, foco agora é a eleição estadual e a presidencial. No que diz respeito ao nosso Estado, as cartas já começam a ser colocadas na mesa. Governador Jorginho Mello (PL) é candidato natural à reeleição. Seu principal antagonista deverá vir do PT, provavelmente Décio Lima novamente, a exemplo de 2022, mas, por ora, seu opositor mais forte é o atual prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), reeleito com 83% dos votos no município. No MDB uma incógnita. Os históricos do partido querem lançar o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro de Nadal, como candidato ao governo. O deputado Antídio Lunelli, no entanto, também diz que está no jogo. No Progressistas, esperança é que ninguém da família Amin queira ser candidato ao governo novamente. Tal situação, aliás, já está ficando ridícula para Esperidião e sua trupe. Sem forças, o PSDB deverá ir a reboque de outra legenda. Dai para baixo, todos os demais gatos são pardos.
- E os partidos de centro, representados pelo MDB, PSD, Progressista, Podemos e Solidariedade, foram aqueles que obtiveram a maioria dos votos dos eleitores aqui do Extremo Sul Catarinense. As cinco legendas somaram 64% dos votos legislativos nos 15 municípios da Amesc. Já os partidos de direita, representados pelo PL, PSDB, União Brasil, Republicanos, PRD e Novo, somaram 31%. Por sua vez, a esquerda, representada pelo PT e pelo PDT somou 5%. É interessante observar que o PSDB, quando nasceu, no final dos anos de 1980, era um partido de centro-esquerda, com propostas bastante avançadas para temas como a reforma agrária e a distribuição de renda. Com a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a legenda migrou para o centro, se aliando principalmente ao antigo PFL. Já no atual ano legislativo, os deputados federais do partido têm votado em sintonia com as propostas defendidas pela direita.