Deputado estadual José Milton Scheffer (PP) disputará a Câmara dos Deputados ano que vem. Depois de quatro mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa, ele está se dispondo a ser candidato a deputado federal, buscando reocupar uma cadeira, no Congresso Nacional, que há muito está vazia no que diz respeito a representatividade do Extremo Sul Catarinense no parlamento nacional. A última vez que nossa região teve um representante na Câmara Federal foi no mandato compreendido entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2019, através de Jorge Boeira, à época filiado ao Progressistas. Boeira não concorreu na eleição de 2018 e em 2022 disputou o Governo do Estado pelo PDT.
Em princípio, a pretensão de Zé Milton é disputar o cargo de deputado federal por seu atual partido, mas ele não descarta a possibilidade de migrar para o PSD, objetivando viabilizar seu projeto. As conversações neste sentido já vêm acontecendo há algum tempo. A viabilização da candidatura pelo PSD, no entanto, depende de outros desdobramentos dentro do partido, ressaltando-se, neste sentido, as pretensões do deputado estadual, e atual presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia (PSD). Se Júlio disputar à reeleição, o caminho ficaria mais livre para que Zé Milton migre para o PSD, buscando viabilizar sua candidatura à Câmara Federal pelo partido. Por outro lado, se Júlio Garcia decidir concorrer a federal, obviamente que não haverá espaço dentro do PSD do Sul do Estado para uma segunda candidatura do mesmo gênero. Neste momento, líderes do PSD ligados a Júlio Garcia dizem que ele deseja permanecer mais quatro anos no parlamento catarinense, o que, em tese, é meio caminho andado para Zé Milton. A outra metade do caminho está ligada ao ex-prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), que ainda não decidiu seu futuro político com vistas a eleição do ano que vem. Em princípio seu projeto é majoritário, mas nada impede que ele postule uma candidatura de deputado federal caso o ideário original não seja viabilizado.
Como pano de fundo, há ainda a questão que envolve o futuro político da deputada federal Geovânia de Sá (PSDB), nome também especulado para disputar a reeleição pelo PSD. Ela, no entanto, tem conversado com caciques de várias outras legendas, objetivando sua mudança de filiação partidária, o que tem deixado os líderes do PSD com um pé atrás.
O caminho mais curto para Zé Milton é disputar o cargo de deputado federal pelo Progressistas. O problema é que não há garantia de que o partido conseguirá legenda para eleger um candidato a Câmara Federal. Em 2022, por exemplo, não conseguiu. Faltaram 34.350 votos no conjunto dos candidatos do partido e na legenda partidária, para que isto fosse viabilizado. Já o PSD emplacou dois: Ricardo Guidi, de Criciúma, e Ismael Santos, de Blumenau. Como Ricardo Guidi deixou o PSD e se filiou ao PL, o caminho ficou aberto para que outro nome do Sul do Estado dispute a Câmara Federal.
Finais
- Não há dúvidas de que Zé Milton prefere disputar o cargo de deputado federal pelo Progressistas, partido no qual ele vem militando durante toda sua vida política, e que também era a legenda de filiação de seu pai, o ex-prefeito de Sombrio, José João Scheffer. A insegurança em relação a conquista de legenda, pelo Progressistas, para assegurar uma vaga de deputado federal, no entanto, é algo de fato bastante preocupante. Em 2022, o partido tinha Esperidião Amin como candidato ao Governo do Estado, e Ângela Amin como a principal puxadora de votos à Câmara Federal. Ainda assim não elegeu postulantes ao Congresso Nacional. Ano que vem o Progressistas não terá candidato ao governo, o que suscitaria a necessidade de lançar diversos candidatos de peso para assegurar ao menos uma vaga de deputado federal.
- O grande problema de Zé Milton é que ao lançar candidatos de peso, se é que eles existem, o Progressistas zeraria a corrida pela Câmara Federal, o que teoricamente daria chances para que três ou quatro nomes tivessem possibilidade de eleição. Zé Milton seria apenas um deles, podendo ser, ou não ser eleito. Já no PSD, se o caminho ficar livre como se almeja, sua chance de eleição seria muito grande. A disputa pela Câmara Federal pelo Sul do Estado, ano que vem, requer uma análise bastante profunda, para que o projeto não dê errado. Trata-se de um cenário onde já estão postas as pré-candidaturas dos atuais deputados Daniel Freitas, Júlia Zanatta e Ricardo Guidi, do PL, e de Geovânia de Sá, do PSDB. O MDB também terá candidato, assim como o PT. Qualquer projeto novo precisará de uma excelente estratégia para ser viabilizado.