O dançarino Luiz Garcia, natural de Sombrio, está levando sua paixão pelas danças tradicionais além-mar. Com raízes firmadas no Grupo Açor Sul Catarinense, que neste ano celebra 26 anos de existência no município de Sombrio (SC), ele agora brilha nos palcos de Portugal como integrante de um grupo folclórico sediado em Mafamude, Vila Nova de Gaia.
Com mais de 10 anos de dedicação à dança folclórica, a trajetória do sombriense começou com as vestes típicas açorianas usadas em terras locais: roupas grossas, sapatos, lenços e tecidos pesados, que faziam parte do cotidiano das comunidades açorianas que desbravaram nossa região. Hoje, Garcia veste trajes portugueses urbanos, compostos por coletes, calças de alfaiataria e acessórios típicos da época em que as pessoas se dirigiam ao centro do Porto.
“Quando cheguei ao grupo de Mafamude, providenciaram um traje completo feito sob medida. Recebi botas de couro costuradas à mão, confeccionadas por sapateiros que mantêm viva essa tradição há gerações. O traje foi feito artesanalmente por alfaiates locais, o que me fez sentir ainda mais conectado com essa cultura”, conta o dançarino.
O grupo folclórico Danças e Cantares de Mafamude, com décadas de história, representa a identidade urbana da região de Vila Nova de Gaia. Segundo dados locais, há mais de 40 grupos folclóricos ativos apenas neste município, sendo 12 diretamente ligados à freguesia de Mafamude. No distrito do Porto, esse número ultrapassa os 100 grupos registrados, entre ranchos e associações culturais.
Além dos trajes e das danças, os grupos mantêm vivas outras tradições portuguesas, como o uso de instrumentos típicos — concertina, cavaquinho, adufe, gaita-de-fole — e a gastronomia associada às festas populares, com destaque para o caldo verde, broa de milho, sardinhas assadas, bolinhos de bacalhau e doces como o pastel de nata.
Garcia já se apresentou em locais emblemáticos como São Pedro da Cova, Viana do Castelo, Alcobaça, no Cais do Porto, e até em embarcações de cruzeiro atracadas em Gaia. “É emocionante representar minha terra em um palco tão diverso. Levo comigo as memórias do Grupo Açor Sul e a força de Sombrio em cada apresentação.”
Essa fusão entre culturas irmãs reafirma o poder da dança como elo entre passado e presente, entre o Brasil e Portugal, entre Sombrio e Gaia.
Entre danças, ensaios e apresentações, o sombriense segue escrevendo sua história com passos firmes, agora em solo europeu, mas com o coração sempre voltado para Sombrio.