Sombrio
Está em andamento em Sombrio, pelo quarto ano seguido, a campanha Janeiro Branco, que trata de prevenção à saúde mental. Nestes quatro anos, o criador da mobilização, psicólogo Leonardo Abrahão, de Minas Gerais, esteve em Sombrio duas vezes, a convite da coordenadora do Caps, o Centro de Atenção Psicossocial, a psicóloga Leonete Pereira, a Netinha. “Temos que tratar desse tema, quem não está bem emocionalmente se irrita com facilidade, briga, todos em volta são afetados”, explica.
No enfrentamento aos problemas emocionais, o Caps atua em parceria com a rede da saúde básica, onde trabalha a enfermeira Aline Inácio. Ela defende que haja um olhar atento nos postos de saúde, para auxiliar quem precisa de ajuda. “Às vezes, a pessoa procura a unidade de saúde para ver a carteira de vacinação, e acaba se abrindo. Nós temos que fazer essa escuta”.
A pandemia mudou o Janeiro Branco, impedindo encontros, palestras e caminhadas, e ele teve que ser adaptado. Só não podia deixar de acontecer depois de um ano tão tenso quanto 2020. O objetivo maior é evitar os suicídios. Em 2019 três pessoas tiraram a própria vida no município; e quatro em 2020. Já as tentativas de suicídio diminuíram no ano passado: foram 85 em 2019 e 66 em 2020.
Como pano de fundo dos problemas emocionais, muitas vezes estão o uso de drogas e álcool. Em 2020, o Caps acompanhou mais internações por esses motivos do que por transtornos mentais. Segundo Netinha, foram feitos 26 encaminhamentos somente para a Comunidade Terapêutica Magnificat, que atende dependentes químicos, e outras 14 internações em clínicas. Por transtornos mentais foram 17 internações.
Janeiro Branco
As atividades da campanha Janeiro Branco de Sombrio se adaptaram a realidade da pandemia, e as palestras estão sendo online. A primeira teve como convidada a psicóloga clínica Maria Angela da Cunha, e intermediadora a enfermeira Carine Cardoso.
As duas profissionais falaram sobre a importância dos sentimentos e de se manter saudável emocionalmente. “Apesar do ano difícil que tivemos, conseguimos manter a fé. E o mês de janeiro traz essa mensagem da renovação”, disse Angela. Porém, alertou, que as pessoas podem se deixar levar pela negatividade, e acabar adoecendo emocionalmente.
Carine enfatizou que a saúde básica pode e deve fazer saúde mental. “Pode ser desde uma escuta de qualidade, prestando atenção ao que o paciente diz”. Para Angela, ter o ano inteiro pela frente pode gerar expectativas, que se exageradas, acabam trazendo frustração. “A expectativa nos adoece, é perigosa”. O problema é que ela faz com que a pessoa deixe de viver o agora para esperar por algo que talvez não se concretize. Afinal, o presente é tudo o que temos, é ele que precisa ser bem vivido.