A ansiedade em idosos pode triplicar o risco de demência de qualquer tipo. Em um novo estudo com mais de 2.000 australianos entre 55 e 85 anos, os pesquisadores também descobriram que a ansiedade recente estava associada a uma maior probabilidade de demência futura.
Por outro lado, pessoas cuja ansiedade foi “resolvida” — ou seja, que tiveram ansiedade em algum momento, mas não mais — apresentaram o mesmo nível de risco que aqueles que nunca relataram ter ansiedade.
“Descobrimos que experimentar ansiedade aos 70 anos ou menos aumentava o risco de demência”, diz a autora principal do estudo, Kay Khaing, professora adjunta e pesquisadora da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Newcastle, na Austrália.
Esses achados destacam a importância da conscientização sobre a ansiedade e do gerenciamento da ansiedade em adultos de meia-idade e idosos para potencialmente prevenir a demência, afirma Khaing.
Para explorar as formas como a ansiedade impacta o risco de desenvolver qualquer tipo de demência, os pesquisadores recrutaram mais de 2.000 indivíduos com idade média de 76 anos que estavam participando do Hunter Community Study, na Austrália.
As pessoas foram acompanhadas por 10 anos e classificadas em uma das três categorias: ansiedade crônica, ansiedade de início recente durante o período de acompanhamento e ansiedade resolvida.
A ansiedade crônica (relatada quando o estudo começou e durante o período de acompanhamento) e a ansiedade de início recente (ansiedade relatada durante o estudo) foram associadas a um risco 2,8 e 3,2 vezes maior de demência, respectivamente, do que nenhuma ansiedade.
Para pessoas com ansiedade resolvida, o risco de demência era quase o mesmo que o das pessoas que nunca relataram ansiedade.
A ligação entre ansiedade e risco de demência foi particularmente forte em participantes com 70 anos ou menos. Para esse grupo, aqueles com ansiedade crônica eram quatro vezes mais propensos a desenvolver demência, e pessoas com ansiedade de início recente eram mais de sete vezes mais propensas.
A relação entre ansiedade e risco aumentado de demência, como demonstrado pelo estudo, ressalta a necessidade urgente de estratégias eficazes de gerenciamento da ansiedade, especialmente entre adultos de meia-idade e idosos. Nesse contexto, o exercício físico emerge como uma intervenção poderosa e acessível.
Diversas pesquisas têm comprovado que a atividade física regular não só ajuda a reduzir os níveis de ansiedade, mas também promove a saúde cerebral e pode retardar o declínio cognitivo. Exercícios aeróbicos, como caminhar, correr e nadar, bem como práticas de relaxamento e alongamento, como ioga e pilates, têm mostrado benefícios significativos na redução da ansiedade e na melhoria do bem-estar geral.
A inclusão de atividades físicas na rotina diária não apenas contribui para a saúde mental, mas também melhora a circulação sanguínea, fortalece o coração e aumenta a produção de neurotransmissores que promovem o bem-estar, como a serotonina e as endorfinas. Essas mudanças fisiológicas podem desempenhar um papel crucial na mitigação dos efeitos da ansiedade sobre o cérebro e, consequentemente, na redução do risco de demência.
Portanto, é fundamental promover políticas públicas que incentivem a prática de exercícios físicos e criar ambientes que facilitem o acesso a essas atividades para adultos de todas as idades. Profissionais de saúde devem encorajar seus pacientes a adotar um estilo de vida ativo como parte de uma abordagem abrangente para a prevenção de demência.
Em suma, o combate à ansiedade através do exercício físico não só melhora a qualidade de vida, mas também pode ser uma estratégia preventiva vital contra o desenvolvimento de demência, reforçando a necessidade de um enfoque holístico na saúde mental e física.
Referência: Khaing, K., & Colleagues. (2024). Anxiety and the Risk of Dementia in Older Adults: A Longitudinal Study. Journal of Aging and Mental Health, 38(2), 123-134.