A partir de 1º de julho de 2025, entra em vigor o vazio sanitário do maracujá em Santa Catarina. A medida, coordenada pelo Departamento Estadual de Defesa Vegetal (Dedev), da Cidasc, tem duração de 30 dias e tem como principal objetivo combater a virose do endurecimento dos frutos do maracujazeiro — considerada a mais severa da cultura no país.
Durante o período, é obrigatória a eliminação total de plantas vivas de maracujá e fica proibido o plantio da cultura. O vírus responsável pela doença, o Cowpea aphid-borne mosaic vírus (CABMV), é transmitido por pulgões que, ao se alimentarem de plantas infectadas, disseminam o patógeno para plantas sadias.
Segundo a engenheira agrônoma da Cidasc, Janice Ebel, o vazio sanitário é hoje a principal ferramenta que o produtor tem para evitar a disseminação da doença. “Nesse período de 30 dias, o pulgão não encontra planta doente para se alimentar e nem planta nova para infectar. Ou seja, conseguimos quebrar o ciclo da doença”, explica.
Três regiões, três calendários
O calendário do vazio sanitário é regionalizado, com datas ajustadas conforme altitude, clima e práticas agrícolas adotadas nas diferentes regiões produtoras. Veja os períodos estabelecidos para 2025:
Região I (01/07 a 30/07/2025): inclui municípios como Sombrio, Balneário Gaivota, Jacinto Machado, Praia Grande, Araranguá, Maracajá, Santa Rosa do Sul, Timbé do Sul e Turvo. É a principal região produtora de maracujá no estado.
Região II (11/07 a 09/08/2025): abrange cidades como Florianópolis, Imbituba, Palhoça, Blumenau, Itajaí, Balneário Camboriú, Criciúma, entre outras.
Região III (21/07 a 19/08/2025): compreende os demais municípios catarinenses não citados anteriormente.
Produção e expectativa para a próxima safra
Santa Catarina é o terceiro maior produtor de maracujá do Brasil. Na safra 2022/2023, o estado colheu cerca de 70 mil toneladas. Já em 2023/2024, a produção foi prejudicada por condições climáticas adversas. Para 2024/2025, a expectativa é recuperar os índices, com média de 35 toneladas por hectare.
Mudas podem ser produzidas com regras rígidas
Durante o vazio sanitário, a produção de mudas é permitida apenas em viveiros devidamente autorizados e que cumpram exigências técnicas e legais, conforme prevê a legislação vigente. Os viveiros devem estar instalados em estufas com telas antiafídeos de no mínimo 40 mesh e possuir antecâmara com portas desencontradas, em formato de “L”, para impedir a entrada direta de pulgões. A não observância dessas regras pode resultar na destruição das mudas e aplicação de sanções legais ao produtor.
Além disso, o produtor que descumprir o vazio sanitário está sujeito à eliminação total do pomar e penalidades administrativas, conforme prevê a legislação de defesa sanitária vegetal.
O que é o endurecimento dos frutos?
A virose provoca deformações em folhas e frutos, retarda o crescimento da planta e reduz drasticamente a produtividade. Os frutos afetados tornam-se menores, com casca espessa e pouca polpa, o que inviabiliza a comercialização. A transmissão do vírus ocorre por pulgões durante a alimentação, além de ferramentas de poda contaminadas e mudas infectadas.
Alerta aos produtores
A Cidasc reforça que o sucesso do controle da doença depende diretamente do comprometimento dos produtores em eliminar todas as plantas vivas de maracujá durante o período estabelecido para sua região. A adoção correta do vazio sanitário é fundamental para garantir a sanidade da lavoura e a sustentabilidade da produção no estado.