No último mês, completou-se 20 anos daquela noite que ficou marcada na memória dos sombrienses. No dia 16 de agosto de 2004, um empresário de Sombrio, em uma tentativa de obter um seguro, provocou uma explosão devastadora ao utilizar grandes quantidades de combustível. O incidente destruiu o prédio que abrigava um depósito de papéis, comprometeu a estrutura da Biblioteca Municipal, resultando em sua demolição, e causou prejuízos significativos a diversos moradores da cidade.
Maria Lúcia Guerra relembra com intensidade: “Era como um filme, um cenário de guerra.” Juliano Possamai, que mora a cerca de um quilômetro do local, recorda com clareza: “Eu estava em casa e ouvi uma explosão seguida de uma onda de choque. Quando cheguei ao local, tudo estava pulverizado, não havia nada.”
José Jacques Clezar, residente da casa em frente ao terreno do prédio destruído, descreve: “Estava no quarto quando ouvi um estrondo. A casa toda tremeu. Verifiquei se minha família estava bem e percebi que a casa havia sido destruída.”
Franco Vasconcellos, editor do portal C1, estava trabalhando próximo e correu para o local: “Muitos moradores estavam na rua, em pijamas e camisolas, pois o deslocamento de ar arrancou janelas e portas.”
O calor das chamas, que alcançaram cerca de oito metros de altura, atingiu veículos próximos e só foi controlado com a ajuda dos bombeiros da região. A destruição se estendeu por vários metros, com papéis espalhados pela cidade e vitrines quebradas. “Os vidros do Banco do Brasil quebraram”, lembra Zilma Schuster.
Na manhã seguinte, o cenário de devastação era claro. Peritos confirmaram rapidamente que o incêndio foi criminoso.
O que foi apurado no processo
Em 1999, um terreno de 561 m² na Avenida Nereu Ramos, no centro de Sombrio/SC, foi adquirido por R$ 57.600,00. O plano inicial era abrir um restaurante, mas, após quatro anos, o local passou a abrigar uma empresa de papelaria.
Em fevereiro de 2004, foi feito um seguro para incêndio, raio e explosão no valor de R$ 500.000,00.
Na noite de 16 de agosto de 2004, por volta das 21h, o denunciado dirigiu-se ao depósito, derramou cerca de 20 litros de gasolina em três pontos do pavimento térreo, e rompeu o lacre de dois botijões de gás (GLP). Após alguns minutos, formou-se uma atmosfera explosiva e, ao atingir o ponto crítico, o denunciado utilizou uma fonte de ignição não identificada e fugiu em um veículo Fiorino branco.
Por volta das 22h, a explosão causou danos graves a residências e estabelecimentos comerciais em um raio de 150 metros, com o estrondo sendo ouvido em cidades a mais de 30 km de distância, como Turvo/SC e Torres/RS. O incêndio subsequente, com chamas de até 8 metros, foi contido graças à intervenção dos bombeiros.
A pizzaria ao lado do prédio sinistrado, que estava fechada na noite do incidente, evitou consequências mais graves. O denunciado agiu com o objetivo de obter um benefício financeiro de R$ 500.000,00 com o seguro contratado poucos meses antes do evento.
O processo documentou o impacto na comunidade, com a Biblioteca Municipal quase completamente destruída e lesões corporais causadas pelo deslocamento de ar da explosão. Os responsáveis pelo crime foram condenados e já cumpriram suas penas, razão pela qual seus nomes não são divulgados.