Camila entrou na profissão e foi a primeira bombeira feminina da corporação de Rio do Sul, depois foi transferida para Turvo, onde também foi a primeira bombeira, e por fim para Sombrio, onde ainda atua e é a única bombeira militar
Sombrio
Quando era criança e ajudava os pais e avós na agricultura, Camila Daboit mal sabia da existência dos bombeiros militares. Ela morava na localidade de Garuva Nova, e naquele tempo Sombrio ainda não tinha a sua corporação. Na adolescência, foi trabalhar numa loja e pouco depois começou a namorar Dionatas dos Santos Trajano. Ele queria ser bombeiro militar e quando surgiu a oportunidade, fez o concurso e foi aprovado. Dionatas foi lotado na cidade de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, para onde o jovem casal se mudou. No novo lar, Camila ainda encontrou emprego no comércio, porém, com a influência da rotina e do grupo de amigos do marido, decidiu se preparar e também fazer concurso para bombeira. Entrou na profissão em 2010 e não parou mais de se destacar e ser pioneira. Foi a primeira bombeira feminina da corporação de Rio do Sul, que é bastante antiga; depois conseguiu transferência para Turvo, onde também foi a primeira bombeira, e por fim para Sombrio, onde ainda atua e é a única bombeira militar.
Em 2017, a soldado fez concurso para cabo e foi aprovada em primeiro lugar geral, e no ano passado repetiu a dose, sendo a primeira colocada no curso para sargento com participantes, homens e mulheres, de todo o Estado. Hoje Camila é 3º sargento do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. As conquistas não são por acaso e muito menos sorte. “Eu gosto de estudar e me preparo muito”, diz.
Tanto que o concurso para sargento estava marcado para acontecer em março de 2020, sendo adiado devido a pandemia. A bombeira não relaxou e estudou durante todo o ano, conseguindo acertar todas as 50 questões quando a prova foi realizada.
Aos 34 anos de idade, Camila já pode dar dicas preciosas a quem está iniciando uma carreira. “É preciso tentar fazer tudo o melhor possível, nada vem de graça. Passei em primeiro lugar não porque sou a mais inteligente, e sim por dedicação”. A mesma maturidade marca o relacionamento com o marido, companheiro de vida e de farda. O sargento Dionatas se orgulha da trajetória da esposa. “A gente batalha e temos metas juntos, mas essas conquistas são principalmente dela”, afirma.
Tristeza e alegria
Durante os anos de profissão, o casal enfrentou tristezas e teve alegrias. Um dos fatos mais marcantes aconteceu ainda em Rio do Sul, quando houve uma enchente em setembro de 2011. Nestas ocasiões, os bombeiros são bastante acionados e os dois estavam de serviço, ajudando a população em um bairro distante. Lá pelas tantas, vizinhos começaram a ligar avisando que a água estava invadindo a casa deles também. “A gente não podia deixar de salvar as pessoas para ir salvar nossos bens”, conta Camila.
A residência deles foi totalmente alagada, com perda de móveis e roupas. A parte boa desta história foi a solidariedade de amigos e até de desconhecidos. Gente que se uniu para ajudar a limpar tudo e fazer doações ao casal. “Uma senhora se ofereceu para lavar as nossas roupas, que estavam todas encharcadas. Um amigo cedeu a casa dele para morarmos por um tempo, muita gente nos ajudou e alguns nem conhecíamos”.