domingo, 22 DE dezembro DE 2024
Luiz LlantadaCrônica | Iluminismo

Crônica | Iluminismo

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Aprendi na minha vida a não fugir das palavras. Todas elas têm um significado, isto é, trazem em si uma ideia. O problema consiste em que pessoas prepotentes costumam mistificá-las. Usam um vocábulo não conhecido e passam logo para a ideia seguinte, sem explicar o que representava aquele. Por isso, muita criança deixou de estudar, porque maus professores não tiveram humildade, que é virtude dos nobres, para usar uma linguagem simples.

Quando criança, ao ouvir pela primeira vez a palavra “filosofia” eu fiquei abobalhado e passei a ter medo dela por muito tempo. Tudo porque, hoje eu sei, a professora não me pegou pela mão, não me olhou nos olhos e não me disse do seu significado tão simples, que é apenas “amor à sabedoria”. Fácil, não?  Sabes quando e aonde eu fui aprender a profundidade do termo? Acredita, meu irmão, quando adolescente, tomando chopes em mesas de bar, com professores autênticos, mas simples, e com estudantes e pessoas mais inteligentes do que eu. Assim, eu te recomendo: se tu és um que ainda tem medo da palavra, não permitas que o teu filho o tenha, senão o estarás privando da maior riqueza que o ser humano pode ter nesta vida curta e fujona, que é o conhecimento. Antes dele ainda, a “liberdade de pensar”. De pronto, já te dou de presente aqui, o pensamento de um dos maiores filósofos iluministas da história, Immanuel Kant, “o homem é aquilo que sabe”. Lê de novo, e repete.

A primeira sensação de felicidade que senti ao estudar os pensamentos filosóficos foi a de liberdade. Parecia que eu estava voando. E de fato estava, porque o homem que filosofa se liberta do corpo e o seu pensamento voa. Libertar-se do corpo quer dizer libertar-se de preconceitos. Livrar-se do medo de pensar. Saber que liberdade de pensamento nunca é pecado. Nunca! O pecado consiste em por em prática aquilo que tu mesmo sabes que é errado. A humanidade sofreu muito durante a Idade Média, mais conhecida como “Idade das Trevas”, não porque os homens eram menos inteligentes, mas sim porque havia o medo e a proibição de pensar. O poder, representado pelos ricos, que tinham a espada, e os clérigos, que tinham a religião e a mística, amedrontavam e oprimiam os homens, impedindo-os de pensar, de progredir e de ser feliz.

Mas a luz se fez. Vieram os filósofos iluministas, a partir do Século XVII, tais como Kant, John Locke, Voltaire, Montesquieu, Jean Jacques Russeau e ensinaram que os homens tinham que usar mais a razão e o experimento, do que a religião ou o misticismo. Nesta linha de raciocínio estabeleceu-se que o homem é a prioridade. A vida só se justifica com a busca constante da felicidade do ser humano. Do cidadão. Daí veio a Carta de Filadélfia, na Independência dos USA, em 04.07.1776; a Revolução Francesa, em 14.07.1789 e, por fim, todas as constituições dos povos civilizados, inclusive a nossa. A humanidade, porém, continua sofrendo muito, porque grande parte dela ainda vive na “Idade das Trevas”.

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