Até o ano passado, a diretora Sônia do Canto, da Escola Municipal Professora Nilza Matos Pereira, o Caic do bairro São Francisco, em Sombrio, era contra a volta das aulas presenciais durante a pandemia. Depois, preocupada com a falta de aprendizagem dos estudantes, passou a defender o retorno deles às salas de aula. No entanto, alguns alunos demonstraram uma aprendizagem significativa. Um deles é Davi Ferreira da Silveira, de 15 anos. Com sua turma do nono ano, em 2020 ele participou da Olimpíada de Ciências, organizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em nível nacional e mais de dois milhões de participantes.
A escola foi inscrita pelo professor de ciências Davi Pacheco Leandro, que estava lecionando online. A prova possui duas fases, sendo que na segunda Davi acertou mais de 50% das
questões e recebeu uma Menção Honrosa. O resultado foi comemorado pela direção e pelo professor, por ser raro tratando-se da rede pública. Mais raro ainda em um ano em que a pandemia tornou tudo mais difícil para a educação pública. O professor Davi conta que incentivou e monitorou as turmas pelas redes sociais, e depois fez um grupo no WhatsApp somente com os quatro aprovados para a segunda fase. Além da dificuldade para estudar, havia a ansiedade em relação a data e modalidade das provas, pois em princípio o Ministério cogitava fazê-las presenciais. As datas foram sendo adiadas e a segunda fase aconteceu já em janeiro deste ano. “Foi remota, e eu achei que tinha ido mal”, diz Davi Ferreira, o único premiado da escola. Ele afirma que gosta tanto das ciências exatas quanto as humanas, e que o conhecimento é importante para sua vida pessoal e profissional.
De acordo com a diretora, o aluno sempre estudou no Caic, do primeiro ao nono ano e agora cursa o ensino médio no IFC de Sombrio. “Ele já ganhou outros prêmios em atividades escolares, e sempre foi um aluno exemplar”, diz Sônia.
O professor acredita que o sucesso do seu xará será um incentivo a outros adolescentes, e sua expectativa é despertar neles a paixão pela ciência.
Com o ótimo currículo que tem, apesar de tão jovem, Davi poderá escolher o trabalho que quiser, mas ele já fez sua escolha: o magistério. “A escola Nilza é muito boa, me marcou demais, e quero ir para o ramo da educação também”. A resposta emociona a diretora e o professor, para eles esse sim é o maior prêmio.