Caminha a passos largos, em Brasília, as tratativas para a criação da federação partidária entre o União Brasil e o Progressistas, que deverá se chamar União Progressista. A criação de uma federação significa que os partidos que a compõem precisam falar a mesma linguagem e agir através dos mesmos princípios, por um período mínimo de quatro anos.
Concretizada, esta federação se tornaria o maior grupo político da Câmara dos Deputados, com 59 deputados federais do União Brasil e 49 do Progressistas, num total de 108 parlamentares.
Em nível nacional, a federação deverá apoiar o projeto presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que já disputou o Palácio do Planalto em 1989, então filiado ao PSD.
Em nível estadual a posição da federação ainda é uma incógnita, mais é muito provável que ela lance candidato próprio ao Governo do Estado para dar palanque a Ronaldo Caiado em Santa Catarina. Isto é ruim tanto para o governador Jorginho Mello (PL), que estava apostando suas fichas no apoio do Progressistas a sua candidatura, como para o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), que também planejava contar com o Progressistas em seu projeto de disputar da governadoria catarinense.
Nos municípios, o desencontro de interesses é ainda maior. Em Araranguá, o União Brasil elegeu para a Câmara Municipal os vereadores Samuel Duarte Nunes, o Samuca, e Donizete Martins da Rosa, o Dédo. Ambos apoiaram o projeto de reeleição do prefeito César Antônio Cesa (MDB), que, por sua vez, derrotou o Progressistas, que concorria com Márcio Scarsanella, o Márcio Tubinho, como candidato a vice-prefeito de Andresa Ribeiro (PL). Portanto, União Brasil e Progressistas estão em lados opostos na Cidade das Avenidas.
Em Maracajá, a situação não é diferente. O União Brasil concorreu com Edilane Rocha Nicoleite como candidata a prefeita, enquanto o Progressistas lançou Antônio Carlos Oliveira, o Cacaio, ao mesmo cargo, em uma eleição vencida pelo prefeito Anibal Brambilla (PSD).
Em Balneário Gaivota, o União Brasil fez parte da coligação que reelegeu o prefeito Kekinha dos Santos (PSDB). Já o Progressistas indicou o candidato a vice do MDB, objetivando derrotar Kekinha. No município, o União Brasil ainda elegeu Leonardo Dornelles como vereador, ele que é ligado a uma tradicional família emedebista, que, por sua vez, é contrária aos interesses do Progressistas.
Em São João do Sul, outro exemplo. O Progressistas elegeu o prefeito Alex Bianchin, enquanto o União Brasil apoiou a candidatura a prefeito de Gilberto Delfino, o Betinho (PL). Já em Sombrio, o União Brasil, que foi aliado do Progressistas na eleição municipal do ano passado, trocou de comando, e está aliado agora a prefeita Gislaine Dias da Cunha (MDB).
Em princípio, os únicos dois municípios de nossa região em que União Brasil e Progressistas estão trilhando o mesmo caminho são Balneário Arroio do Silva e Timbé do Sul. Em Arroio o União apoiou o projeto de reeleição do prefeito Evandro Scaini (PP), e em Timbé o partido apoiou a candidatura vitoriosa de Vilmar Manfiollette (PP).
Finais
- Deputado federal Luiz Fernando Vampiro (MDB) está entre a cruz e a espada. De um lado tem proposta de seu partido para disputar a reeleição, com o apoio de pelo menos três candidatos a deputado estadual do MDB, no Sul do Estado. Do outro lado é assediado pelo PSD, para concorrer também a federal pela legenda, ou a estadual, caso o deputado Júlio Garcia (PSD) dispute a Câmara Federal. As duas propostas são muito boas, desde que ele não tenha adversário interno no Grande Sul catarinense. Do contrário, será derrota certa.
- Governador Jorginho Mello (PL) participou ontem, no Rio de Janeiro, da manifestação política convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em favor da anistia aos envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, e também pela liberdade de expressão, especialmente nas redes sociais. Ainda que tenha sido uma grande manifestação, a expectativa de público ficou muito abaixo do que era esperado por Bolsonaro. Ele imaginava reunir pelo menos um milhão de pessoas em Copacabana, mas as estimativas mais otimistas calcularam o público em 100 mil pessoas.