domingo, 15 DE junho DE 2025
Claudete MatosA arte de não reclamar

A arte de não reclamar

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Desde menina eu amava assistir certos desenhos animados, mas nenhum deles tornou-se tão importante para mim quanto o Ursinho Pooh que conheci melhor quando as minhas filhas gêmeas nasceram. Eu sempre fui apaixonada por sua graciosidade, mas nunca tinha até então me aprofundado em conhecê-lo.

 

Talvez você esteja se perguntando, o que me atrai nesse ursinho vermelho e amarelo, que mais parece ketchup e mostarda do que um urso de verdade. O que me atrai é sua história, seu caráter e sua sabedoria.

 

O Pooh nasceu na Inglaterra depois da Primeira Guerra Mundial, em 1920 com o propósito de criar um mundo para as crianças que viveram as dores e os conflitos da época, trazendo então consolo e esperança de tempos melhores. Ele foi inspirado pelo autor Alan Alexander Milne através do ursinho de seu filho Christopher Robin que também virou personagem no Bosque dos Cem Acres.

Assim como o ursinho Pooh, outros brinquedos de Christopher Robin passaram a fazer parte de um cenário que tem passado por muitas gerações, atravessando fronteiras do mundo inteiro e trazendo encanto e uma boa mensagem tanto às crianças quanto aos adultos.

 

Na parede do meu escritório no BK tenho por anos uma mensagem de Pooh que tem me auxiliado no desenvolvimento de líderes para a companhia: “Eu sempre chego aonde quero ir me afastando de onde estive”. Entendemos que para chegar aonde queremos ir, é preciso mover-se na direção do alvo e segundo, abandonando o passado.

 

Podemos traçar diversos planos, mas sem estrutura e consistência, não atingiremos as nossas metas. Todo o processo de desenvolvimento requer primeiramente uma autoanálise e a partir daí, a constante busca por um autodesenvolvimento.

 

Pessoas normais criam obstáculos e desculpas dizendo que são assim por interferência de algo que aconteceu no seu passado. Pessoas emocionalmente inteligentes entendem que para chegar ao lugar almejado, precisarão abandonar o que lhe impede de crescer.

 

Pooh tem poucos, porém bons e leais amigos: Leitão, um porquinho medroso e amável que busca ser corajoso para os amigos; Tigrão, um tigre sempre otimista que está sempre buscando animar os outros; Abel, um coelho impaciente, porém super organizado e responsável; Guru, um filhote de canguru que na sua inocência busca sempre explorar a sua infância no que ela tem de melhor e sua mãe Can, protetora e cuidadosa.

 

Por último, um dos mais marcantes personagens, o melancólico e pessimista burrinho, Ió. Diga-me, você conseguiu se identificar com algum deles ou identificar alguém na sua vida, tanto em casa como no trabalho?

 

Ao treinar líderes, muitas vezes uso Pooh and Ió como referência. Você não imagina quantas pessoas não chegam aonde querem simplesmente porque agem como Ió. Você pode apresentar mil e uma oportunidades, mas eles encontram algo negativo ao invés de focar em estratégias para alcançar suas metas. Pessoas como Ió reclamam de tudo e de todos. Parece que vivem buscando o negativo mesmo em situações positivas. Já Pooh, tem a capacidade de transformar situações negativas em positivas. E são pessoas assim que eu admiro.

 

Na busca por transformar pessoas normais em grandes líderes, minha tarefa é conscientizá-los nessa transição de Ió para Pooh. Eu não sei você, mas eu detesto manter um diálogo com alguém que só sabe reclamar.

 

Você sabia que quanto mais reclama, pior a situação se torna? Analise o próprio verbo RECLAMAR. “Re” (de novo, excessivo), ou melhor, reclamar faz mal. Essa repetência, cria algo em nossa mente que pode resultar numa doença mental.

 

Num artigo publicado no website NeuroLife, “Efeitos da reclamação versus gratidão na saúde do cérebro” descobrimos que a reclamação crônica resulta de um mecanismo cerebral chamado plasticidade negativa, um termo usado em neurologia para explicar como aprendemos coisas novas por meio da comunicação entre neurônios.  “O pior é que reclamações crônicas podem aumentar o risco de demência ao liberar excesso de cortisol, um hormônio do estresse, que degenera mais rapidamente áreas do cérebro relacionadas ao aprendizado e à memória”, nos conscientiza o artigo.

 

Agora, desabafar faz bem? Sim, se você desabafar e encontrar uma solução positiva para o seu problema. Porém desabafar e continuar remoendo o problema torna a situação ainda mais caótica do que era.

 

Num mundo competitivo, onde só quem ousa é capaz de atravessar a linha de chegada, não deixe que os “Iós” da vida lhe roubem sua energia e sua esperança no amanhã. Pessoas negativas são tóxicas. Elas fazem mal a sua saúde física e mental.

 

Ainda que tudo pareça difícil, encare a situação com a atitude do Ursinho Pooh, avante, positivo, com otimismo e sabedoria. Aplique os limites para protegê-lo de ambiente poluído por gente que reclama e que nada acrescenta a sua vida, mas tenha cautela para não ferir o sentimento e a autoestima das pessoas com quem você convive.

 

Se você quer um mundo melhor, sua responsabilidade é colaborar com os outros à sua volta.

 

Use uma aproximação com diplomacia e respeito para lhes fazer entender que você pode ajudá-los até quando eles se esforçam na busca de uma melhor transformação. Nem todo mundo é dotado de autoconfiança e de espírito de luta.

 

Você não precisa carregar ninguém como se carregasse um fardo na sua vida ou como mencionei antes, ter aquele tipo de gente que usa você como muletas para se mover na vida. Mas a nossa responsabilidade é sermos luz no caminho dessas pessoas que ou perderam a direção na vida ou nunca aprenderam que só depois de duras lutas sentimos o doce sabor da vitória.

 

E quando tudo parecer difícil de encarar, lembre-se de uma outra citação do Ursinho Pooh e verá o mundo transformar-se à sua frente: “Você é mais corajoso do que acredita, mais forte do que parece e mais inteligente do que pensa.”

 

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