O desafio viral “Se garante na beleza?” tem atraído a atenção nas redes sociais ao expor imagens de crianças e pré-adolescentes a um público amplo e, muitas vezes, não controlado. Recentemente, um vídeo no TikTok mostra uma menina de 11 anos sorrindo ao som do funk “Piranha, safada, brotou pro combate”, enquanto uma foto no Instagram de uma menina de 9 anos é acompanhada pela música “Então, vem, vem, b*c*ta criminosa. Eu sei que eu sou feio, mas é só [de] fuzil que tu gosta”.
Esse fenômeno é parte de um crescente movimento online em que dezenas de perfis dedicados ao desafio solicitam fotos e vídeos de crianças, geralmente com idades entre 8 e 13 anos. Para participar, o interessado deve enviar uma mensagem privada ao administrador do perfil, que, se aceitar, pedirá nome, idade, e uma foto ou vídeo do participante. Essas imagens são então postadas para milhares de seguidores, muitas vezes com trilhas sonoras de funk e comentários depreciativos.
Perigos e Riscos Associados
O principal problema é que essas imagens se tornam públicas e podem acabar em lugares impróprios. Especialistas alertam para os graves riscos envolvidos, incluindo:
- Deepfakes: Utilização de imagens e vídeos para criar montagens maliciosas com áudio e vídeo.
- Redes de Pedofilia e Pornografia: Exposição das imagens em sites e fóruns que exploram crianças.
- Comentários Negativos e Difamação: Imagens usadas para criar memes e receber comentários depreciativos.
“Esse desafio pode ter consequências sérias, como a utilização das imagens para atos ilícitos ou a criação de deepfakes. As crianças podem não perceber os riscos associados”, afirma Humberto Sandman, professor de Sistemas de Informação da ESPM e especialista em cibersegurança.
Crescimento do Desafio e Impacto na Autoestima
O crescimento do “Se garante na beleza?” pode ser atribuído à crescente conexão entre autoestima e redes sociais. Segundo Andréa Jotta, pesquisadora da PUC-SP, as crianças estão cada vez mais buscando validação online. “O desejo de ser elogiado e de aparecer em perfis populares pode levar os jovens a exporem suas imagens sem considerar os riscos”, explica Jotta.
O desafio, inicialmente visto como uma brincadeira, tomou grandes proporções e agora envolve centenas de perfis. Jotta destaca que muitos desses perfis podem ser operados por adultos com más intenções, o que intensifica os riscos.
Como Proteger Seu Filho
Para proteger as crianças desses desafios e suas consequências, os especialistas recomendam:
- Supervisão dos Pais: Monitorar o uso da internet pelos filhos e estar atento aos aplicativos e sites que eles acessam.
- Respeito às Normas das Plataformas: Garantir que as crianças não tenham perfis em redes sociais antes dos 13 anos, conforme as regras das plataformas.
- Educação Digital: Conversar abertamente com os filhos sobre segurança digital e os riscos associados à exposição online.
“A internet deve ser um espaço seguro para as crianças, e a supervisão dos pais é crucial para garantir isso. É importante ter conversas regulares sobre o que é seguro e apropriado”, conclui Sandman.
Escolas também desempenham um papel importante ao educar sobre privacidade e segurança digital, ajudando a prevenir a participação em desafios prejudiciais.
Respostas das Plataformas
A Meta, dona do Instagram, declarou que não permite contas ou conteúdos que coloquem crianças em risco e usa tecnologias e revisão humana para monitorar e remover interações abusivas. O TikTok não se manifestou.
Esse panorama sublinha a necessidade urgente de maior conscientização e ação para proteger as crianças no ambiente digital.
com informações do G1