Na tarde desta quinta-feira, 26, a desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), autorizou a soltura do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que estava preso desde 3 de setembro durante a Operação Caronte. A operação investiga um suposto esquema de fraudes na contratação de serviços funerários na maior cidade do sul do estado.
Além de Salvaro, a decisão também beneficiou outros 11 detidos na operação, incluindo dois ex-secretários municipais e uma servidora pública, todos envolvidos no que a denúncia classifica como o “núcleo público” do esquema fraudulento. As medidas cautelares aplicadas incluem a monitoração eletrônica por 90 dias, suspensão das funções públicas por 120 dias, e proibições de contato com os demais denunciados, de frequentar a Prefeitura de Criciúma e de utilizar redes sociais ou conceder entrevistas.
A Operação Caronte foi deflagrada após denúncias de irregularidades em um processo licitatório para a contratação de empresas de serviços funerários. Na primeira fase da operação, em 5 de agosto, foram realizadas buscas na sede da prefeitura e na casa do prefeito, resultando na prisão de sete pessoas. As investigações revelaram alterações na legislação municipal que limitaram o número de funerárias habilitadas, além de um acordo entre as empresas para reduzir a concorrência, inflacionar preços e oferecer produtos de baixa qualidade.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) destacou que o esquema se caracteriza como um complexo e permanente crime contra a administração pública e os consumidores, especialmente no controle dos serviços funerários na cidade. O nome “Caronte” faz referência ao barqueiro da mitologia grega, que transporta as almas dos mortos, simbolizando a natureza da investigação em curso.
A decisão da desembargadora, embora libere o prefeito, reforça a gravidade das acusações e a necessidade de medidas para garantir a integridade das investigações.