Uma caminhada no próximo dia 18 deve acontecer na Terceira Avenida, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Balneário Gaivota
O CMDCA, Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, e o CT, Conselho Tutelar, de Balneário Gaivota estão organizando uma manifestação para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Uma caminhada deve acontecer na Terceira Avenida, mantendo o distanciamento entre os participantes e o uso de máscara.
O presidente do Conselho, Celo Francisco, diz que é uma oportunidade para divulgar os órgãos municipais que fazem parte da rede de proteção aos menores de idade, e as formas de denunciar abusos e agressões através de programas como o Disque 100. Celo há oito anos acompanha o Conselho Tutelar como membro do CMDCA, e avalia que o desconhecimento ainda é grande. “As pessoas não ficam sabendo do trabalho dos conselheiros porque é sigiloso, mas eles têm muito coisa por fazer pelo salário que ganham. Tudo é feito sem nenhum passo fora do ECA”, diz referindo-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
O conselheiro Eliton Silva, antes de eleito para o CT trabalhava no setor social da Prefeitura de Gaivota. Já conhecia a realidade das famílias mais vulneráveis, mesmo assim se assustou com a quantidade de casos envolvendo crianças. “Nos primeiros meses como conselheiro me assustei, a situação é bem preocupante”. Um dos casos mais marcantes foi quando atendeu uma família, à uma hora da manhã, que morava em uma única peça, sem banheiro, água e luz. Os pais tinham consumido droga e havia uma criança naquele ambiente precário e perigoso. “Percebi que dentro do meu próprio município têm pessoas naquela situação. A gente acredita que é só em grandes cidades como São Paulo, e às vezes está na rua ao lado”, afirma Eliton.
O policial militar da reserva, Alexandre de Lucca, conhece bem esse triste cenário. Ele atuou dez anos no Balneário. “Acho que a coisa mais grave é o abuso que as crianças sofrem por parte de pessoas conhecidas. Atendíamos pais dependentes químicos andando de madrugada com crianças na rua. Muitos não pagavam aluguel e eram despejados, ficavam sem ter onde morar”.
Em situações extremas, crianças e adolescentes são retirados do lar e encaminhados a instituições. Eliton explica que essa é a última opção, apesar disso, já foram mais de dez acolhimentos em pouco mais de um ano. “Só em uma família foram quatro acolhidos”, informa.
Para Alexandre, existe um assunto melindroso, que, no entanto, precisa ser abordado: o planejamento familiar. O presidente do CMDCA concorda, mas acha difícil conscientizar às pessoas. Por isso a importância de atos como o que será promovido no dia 18, com o apoio também da administração municipal.