O presidente do Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados) de Santa Catarina, Valter Brandalise, trouxe más notícias para o consumidor catarinense: segundo o Sindileite, o preço do litro do leite longa vida pode chegar aos R$ 7 no estado até o início de julho – e já estaria neste patamar em partes do território catarinense.
Com a aprovação na Assembleia Legislativa, no início do mês passado, do projeto de lei 78/2022, de autoria do Poder Executivo, que manteve o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) do alimento em 7% até o fim do ano que vem, a expectativa era de uma redução no litro do produto, porém, o que se observa é uma crescente alta.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) quantificou o cenário: na década de 90 tinham 70 mil produtores de leite e agora em 2022 são 24 mil.
Segundo Brandalise, o produtor estava totalmente desestimulado em produzir leite e o foco na questão tributária dificultou os esforços do setor em obter apoio.
O presidente do Sindileite sustenta que o efeito da redução do ICMS foi R$ 0,25, nada mais que isso: uma redução tributária que não sana a raíz do problema. Portanto, o que se está sendo visto nas gôndolas é um desequilíbrio entre oferta e a demanda.
O produtor de leite nos últimos dois anos sofreu com grandes custos como o aumento do preço do milho e da soja. Em maio, as indústrias pagaram o litro do leite que sai do produtor, mais o frete do primeiro percurso, entre R$ 2,85 e R$ 2,90.
Já o leite chamado spot, que as indústrias vendem entre elas, fechou essa segunda quinzena de junho na média de R$ 4,15.
Não se sabe por quanto tempo essa alta deve durar, mas a previsão é bem pessimista por parte da indústria leiteira.
O custo do leite para o produtor, segundo os dados da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) está entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Após o processo de industrialização até chegar aos mercados são mais R$ 1,50, ou seja, um total de R$ 3,70.
O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Francisco Crestani, refutou qualquer responsabilidade do setor supermercadista quanto à alta do preço do leite longa vida e responsabilizou a indústria leiteria pela alta.
Segundo Crestani, o setor supermercadista pagava em torno de R$ 3,40 e R$ 3,50 o litro do leite e esta semana está acima de R$ 5.
Procurada, a Secretaria de Estado da Fazenda esclareceu que o ICMS do leite longa vida retornou para 7% em maio, após a votação na Alesc do projeto enviado pelo Poder Executivo. Com isso, o produto voltou a fazer parte da cesta básica, cuja alíquota é de 7%.
OCP News