Que bom quando a gente é criança e só pensa em brincar. Um dia, porém, acontece e a gente começa a pensar. Pensar na vida. No que é certo e no que é errado. Todos queremos saber qual o melhor caminho a seguir. São os nossos pais os primeiros que procuram nos mostrar-nos o caminho que devemos seguir. Depois, vêm os nossos professores, os sacerdotes, as pessoas mais velhas, enfim.
Ouvimos a todos, mas não nos satisfazemos plenamente. Somos inquietos. Buscamos mais. Lemos e ouvimos escritores, filósofos, líderes políticos e pessoas que nos despertam a atenção pela sua inteligência, cultura e sabedoria. Vamos formando as nossas próprias convicções. Quando mais sabemos, mais dúvidas. Mais perguntas. Tudo isso porque a nossa vida é um mistério que ninguém, até hoje, conseguiu decifrar.
Queiramos, ou não, ficamos no meio do caminho é inevitável. Algo assim como se fôssemos um náufrago no meio do oceano. Nadamos, nadamos e cansamos. Concluímos que jamais chegaremos a terra. A morte é inevitável. Mas, enquanto ela não vem, ficamos agarrados num pedaço de madeira, porque foi o melhor que encontramos, e ficamos à deriva, esperando o tempo passar.
Alguns indivíduos se conformam plenamente com o que já sabem. Que já encontraram o seu caminho, pois para estes a Bíblia, ou qualquer outro livro religioso, já explica tudo. Ou simplesmente que foi apenas a sua religião. Ou até mesmo os que não acreditam em religião nenhuma, mas se dão por satisfeitos com o que sabem, seja lá o que for. Até aí tudo bem, desde que não achem que o caminho por eles eleito é o único certo, e que os demais estão errados. São os intolerantes, chatos e insuportáveis.
Queremos achar o caminho certo, porque queremos ser felizes. Sabermos que estamos agindo corretamente, de acordo com os princípios e ensinamentos que nos foram repassados… E em paz com a nossa consciência. Eu confesso que ainda não achei o meu caminho definitivo. Vou seguindo pela vida observando tudo o que posso. Deixo de lado o que não me convence e vou recolhendo aquilo que me serve.
Vejam este trecho da poesia do escritor espanhol Antônio Machado, (26.07.1875/22.02.1939), nascido em Sevilha, intitulada “Caminante, no hay camino”. Vou traduzi-la para vocês. O ideal seria lê-la inteira e em espanhol.
CAMINHANTE, NÃO HÁ CAMINHO – “Caminhante, são as tuas pegadas o caminho e nada mais/Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar./Ao andar se faz caminho e ao voltar a vista para trás se vê a estrada que nunca se há de voltar a pisar./Caminhante não há caminho/senão trilhas no mar.” …