“Papai, eu quero me casar”! (procura lá no Youtube) Um clássico dos Trapalhões que traz à memória a voz esganiçada do Zacarias, a figura adorável que sempre conseguia arrancar risadas e, ao mesmo tempo, um leve desconforto. O sketch, com seu humor ingênuo e suas piadas simples, capturou a essência de uma época em que o politicamente correto não era nem sombra do que vemos hoje.
Lembro-me de assistir ao programa com a família, todos rindo das trapalhadas dos personagens. Zacarias, com seu jeito atrapalhado, sempre tinha um jeito peculiar de se expressar. “Papai, eu quero me casar!” ecoava pela sala, (ainda hoje) e a gente ria, sem pensar muito nas mensagens por trás das palavras. Era um tempo em que a inocência do humor permitia piadas sobre relacionamentos, casamento e, claro, as confusões do dia a dia.
Mas, ah, como o tempo muda as coisas! Se hoje alguém ousasse repetir uma das falas do Zacarias, a chance de alguém levantar a mão e dizer: “Isso pode ser problemático!” é grande. O que antes era apenas uma piada, agora pode gerar debates sobre moralidade, respeito e uma infinidade de considerações éticas.
A verdade é que a comédia evoluiu e, com ela, o que consideramos aceitável. O humor de Zacarias, embora amado, hoje poderia ser visto como um desafio ao politicamente correto. E não que isso seja necessariamente ruim — a sociedade precisa de diálogos sobre o que ofende e o que não ofende. Mas, por outro lado, sinto falta da leveza com que se fazia humor naquela época.
Imaginemos Zacarias, hoje, tentando se adaptar a esses novos tempos. “Papai, eu quero me casar… mas só se for consensual, respeitando todas as identidades de gênero e orientações sexuais!” A plateia ia à loucura, entre risos e aplausos, porque, no fundo, o que sempre uniu as pessoas, independentemente da época, é a capacidade de rir das próprias fragilidades.
“Papai, eu quero me casar” pode ter sido um retrato de uma época, mas o amor e a risada, ah, esses continuam eternos. Afinal, quem não quer se divertir, independentemente de como o mundo se transforma? É isso que importa, mesmo que, às vezes, precisemos dar um passo atrás e reconsiderar como contamos nossas histórias.