“Se Deus quiser, este projeto vai para todas as Deams do nosso Estado”, disse a delegada Raquel Peixoto, informando que as vagas se esgotaram para os dois primeiros meses. Idealizadora da proposta, a titular da delegacia hamburguense chamou para ser o instrutor das aulas Cezar Nunes, mestre em Hapkido que atua desde 2008 no treinamento de policiais.
“Quando a delegada me contatou para esse projeto, e também o co-autor, o comissário Everton Bach, eu aceitei na hora o desafio. O primeiro curso de defesa pessoal realizado no Rio Grande do Sul fui eu quem fez, em 1994, em Canoas. De lá para cá, foram muitos treinamentos no estado e fora dele. Aqui em Novo Hamburgo, essa proposta vai entrar para a história. É a primeira no país que efetivamente vai começar. Estou orgulhoso de fazer parte dessa iniciativa”, afirmou Nunes, explicando que a união de esforços da Polícia Civil, Rede Integrada Laço Lilás, Executivo, Trensurb e as parcerias de parlamentares resultaram no ineditismo da ação.
Conforme o instrutor, serão cerca de 40 técnicas ensinadas. “Para que uma dessas possa salvar a vida. A gente precisa somente de uma”, destacou, explicando que demonstraria algumas delas juntamente a sua aluna faixa preta Jéssica Georg, de 20 anos, que há 10 anos treina artes marciais.
Com inscrições esgotadas para os primeiros grupos, as novas participantes podem se candidatar por meio do WhatsApp da Rede Lilás (51 3594-0560) para futuros treinamentos.
Ampliação da iniciativa
A diretora-geral do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis, delegada Caroline Bamberg, disse sentir-se lisonjeada em participar da proposta, mesmo que inicialmente como apoiadora. “Mas queremos, com certeza, levar para as outras delegacias das mulheres e outras delegacias do Estado e aproveitar parceiros como o mestre Cezar para fazer isso. Creio que todos os municípios têm pessoas assim”, falou.
Em seu pronunciamento, a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipan), delegada Jeiselaure Rocha de Souza, trouxe um dado preocupante sobre a realidade da subnotificação dos registros de violência doméstica e quanto essa situação pode ser impactada positivamente com a adoção da iniciativa Elas por Elas: “Noventa por cento dos casos não chegam ainda ao conhecimento das autoridades. Este projeto é muito relevante porque, além da questão da mulher saber se defender, criaremos uma cultura de segurança, um estado de alerta para todas as ocasiões da vida. Quando fazemos essas dinâmicas, são importantes os encontros das mulheres na mesma situação de violência. Quando uma conhece a outra, ela percebe que não é a única, consegue se fortalecer. Conte conosco para levar essa iniciativa às demais delegacias”, afirmou a diretora da Dipan.
O diretor da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de São Leopoldo, delegado Eduardo Hartz, afirmou que a Delegacia da Mulher precisa ter seu olhar voltado para a questão da vulnerabilidade, e esse ponto vem ao encontro do projeto Elas por Elas. “Sabemos que, muito mais que aplicar um golpe e eventualmente aprender a se defender, é essencial a postura daquela pessoa que pratica artes marciais ou que desenvolve uma noção das técnicas, no sentido de ela ser mais autoconfiante e saber portar-se em uma situação de iminente violência”, explicou.
Câmara de Vereadores Novo Hamburgo