A nomeação, e a sequente desistência do advogado Filipe Mello, no que diz respeito ao comando da Secretaria de Estado da Casa Civil, pegou muito mal para a gestão do governador Jorginho Mello (PL). Os aliados de Jorginho têm se desdobrado na tarefa de tentar convencer o grande público, que Filipe Mello desistiu de assumir a Casa Civil por conta do desgaste desencadeado por uma liminar, concedida pela justiça na semana passada, que o impedia de assumir a função. A liminar foi derrubada e Filipe ficou apto a assumir a Secretaria para qual estava destinado, mas acabou não o fazendo.
A grande verdade é que muito antes do Diretório Estadual do Psol tem conseguido a liminar em voga, a nomeação de Filipe Mello, para ocupar um cargo de primeiro escalão no governo de seu próprio pai, já vinha pegando muito mal junto a sociedade catarinense.
O fato é que faltou a família Mello avaliar com maior propriedade a recente história política catarinense. Em 2002, por exemplo, o então senador Jorge Bornhausen, à época filiado ao PFL, tentou eleger seu filho, Paulo Bornhausen, também ao cargo de senador, mas o projeto foi rechaçado pelo eleitorado catarinense. E isto se deu mesmo com Jorge Bornhausen desfrutando de altos índices de aceitação junto ao eleitorado de nosso Estado.
Em 2022, outro exemplo mais retumbante ainda. O senador Esperidião Amin (PP) não se elegeu governador, sua esposa, Ângela Amin (PP), não se reelegeu deputada federal, e o filho do casal, João Amin (PP), não se reelegeu deputado estadual, tudo isto, obviamente, impulsionado pelo severo crivo do eleitor catarinense.
O diferencial de Jorginho Mello e Filipe Mello, para a família Bornhausen e para a família Amin, é que eles deram a mão a palmatória ao bom senso. Se levassem adiante o projeto de emplacar Filipe na Casa Civil, o governo de Jorginho acumularia um desgaste totalmente desnecessário. O fato é que não há nada que Filipe Mello possa fazer por seu pai dentro do governo, que também não possa fazer fora dele, com a vantagem de ter muito mais liberdade para desencadear suas ações.
Como lição, fica a mensagem da população catarinense: nepotismo, mesmo que seja legal, não é considerado nem um pouco moral.
Finais
- Líderes do PL de São João do Sul têm conversado tanto com o MDB do prefeito Moacir Teixeira, quanto com o PDT do ex-prefeito Alex Biachin, com o objetivo de prospectar cenários com vistas às eleições municipais deste ano. O MDB bancará uma candidatura ao executivo municipal que defenderá o mandato do prefeito Moacir. Já o PDT busca fortalecer um projeto de oposição, através de Alex. Os dois principais líderes do PL de São João do Sul são o professor Gilberto Delfino, o Betinho, e o advogado Clóvis Scheffer, que mantêm boa relação tanto com o MDB quanto com o PDT. Por conta disto, a posição oficial do PL sãojoãosulense, diante das eleições municipais deste ano, ainda é uma incógnita. Convém lembrar que, por conta do voto bolsonarista, o PL tem sido bastante valorizado, não só em São João do Sul, mas em toda região da Amesc.
- E um a um, os condenados pela Operação Lava Jato têm sido absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal. Ontem, o ministro Edson Fachin anulou a condenação de 24 anos de prisão arbitrada sobre o ex-tesoureiro do PT Nacional, João Vaccari Neto. A condenação, feita pela Justiça Federal de Curitiba, à época do então juiz Sérgio Moro, teve como base supostas propinas recebidas pelo PT, em 2010, para custear a primeira campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com Edson Fachin, por se tratar de tema relacionado a eleições, o órgão competente para investigar, e eventualmente condenar alguém, é a Justiça Eleitoral, e não a Justiça Federal. Interessante observar que boa parte dos ministros da Justiça Eleitoral Federal também são ministros do Supremo Tribunal Federal, a exemplo de Alexandre de Moraes, Carmem Lúcia e Gilmar Mendes.