Sombrio
O sombriense raiz, por assim dizer, deve ter pelo menos uma lembrança de um homem com problemas mentais, que andava pelas ruas um pouco curvado, e não representava ameaça a ninguém. Pelo contrário, Chiquinho era querido por todos. Andarilho por natureza, apesar da família morar na cidade, onde ia ele ganhava comida e abrigo quando necessário. Sua grande paixão eram os ônibus, nos quais andava de graça, de um lado para outro, fazendo amizade com os motoristas.
Muitos o conheciam, mas poucos sabiam que seu nome era Eroí Aires Coelho, e na noite de segunda-feira, ele faleceu no hospital Nossa Senhora de Fátima de Praia Grande, aos 65 anos.
Com o pai e a mãe falecidos, Chiquinho estava morando com a irmã Lindaura, de 68 anos, no bairro São José. Ela conta que o irmão teve meningite quando criança e ficou com sequelas. O gosto por andar nas ruas também surgiu na infância. “Ele sumia e a gente ficava procurando, sem saber onde estava, se estava comendo”. Amado pelos familiares, suas roupas estavam sempre limpas e ele aparentava ser bem tratado. ” A família gostava muito dele, sempre foi bem cuidado, eu dizia que ele era o meu bebezão”, afirma a irmã.
Nos últimos anos, Chiquinho estava saindo pouco, até ficar de cama. “Até aqui na área ele tinha dificuldade de andar, a gente segurava para dar uns passos”, conta.
Dentro de casa, continuava sendo como uma criança, que ganhava brinquedos para se entreter e adorava o programa de humor Chaves. Tinha DVDs com episódios e os assistia sempre, não aceitando ver outra coisa.
Segundo Lindaura, Chiquinho estava com diabetes e pressão alta, e agora teria sido diagnosticado com o novo coronavírus, por isso não houve velório e o sepultamento aconteceu na manhã de ontem.